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quinta-feira, 18 de junho de 2009

O Fim Dos Tempos

Frio, muito frio
O ponto de ônibus, ele atrasaDescalço as luvas para ligar meu mp3 para que a musica me distraia,
Ergo minha trincheira de fones de ouvido,
Acendo um cigarro
Umas tragadas
O pingo de chuva cai exatamente sobre a brasa
Enquanto recupero o isqueiro na enorme bolsa bagunçada
A bateria do mp3 acaba... do celular já o havia feito a muito tempo..
Ouço um velho balbuciando uma bobagem qualquer...
Um homem clama ter sonhado com o Fim dos Tempos
Clama em altos brados como sonhara com o mundo consumido em chamas,
Com os prédios sucumbindo,
Torrentes e fortes chuvas,
E raios e trovões
E tudo culminava em um espetáculo pirofágico que consumia a todos,Homens e mulheres e velhos e crianças
Contava seu pesadelo enquanto aparava as heras do jardim de uma franquia multinacional de fast-food qualquer
Mencionei que chovia? Pois sim chovia, e a temperatura de quinze graus centígrados me causava dor nas juntas...
Então não via, o pobre homem, que o fim dos tempos estava ali, estava ali em sua própria imagem e semelhança, retratado nas linhas das rugas daquele homem franzino que trabalhava molhado sob a chuva naquele dia frio. Contratado por aqueles que detém tanto e pagam tão pouco.
O fim dos tempo começou quando o “um por todos todos por um,, foi substituído pelo “cada um por si e Deus contra todos,,.
O fim dos tempos é esse em que vivemos,
Da jovem drogada,
Do pai que esquece o bebê no carro,
Da mãe que cafetina a filha,
Do menino de 13 anos que aponta a arma na cara da socialite parada no semáforo.
A cada segundo há o final do tempo que se exaure com cada grão de areia que cai suicida nessa ampulheta trágica.
A cada segundo mais um par de olhos que se fecha pela última vez
A cada segundo ocorre um crime hediondo contra o mundo, pior que todos os dilúvios e chuvas de meteoros e qualquer cataclisma previsto escatológico
A cada dia comete-se uma atrocidade mais sem sentido do que o Gênesis
E ninguém vê que vivemos a apoteose apocalíptica da solidão deliberada,
Todos estão excessivamente plenos em seus próprios carros, notebooks, controles remotos e cartões de crédito.E há crianças chorando de fome,
E há aqueles que oram, temendo o soar das trombetas do Apocalipse
Sem ainda ouvir que estas já soaram,
Com o timbre emitido pelas cordas vocais dos desesperados
E esse Armagedom cotidiano é tão estapafúrdio
Que nenhum sonho profético poderia prever
Que o fim dos tempos
É agora
...

2 pareceres:

? disse...

Nora, você tem o dom de me fazer arrepiar com suas palavras.

Unknown disse...

copio e colo o comentário da luiza.

ironico esse fim dos tempos, ironico.