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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

corpos
mãos
copos
nãos
taças
vinhos
raças
ninhos
lutas
amores
luvas
horrores




Deixe que se perca
Deixe que morra
Deixe que apodreça

Toda podridão vira adubo

Deixe que se esqueça
Deixe que envelheça
Deixe que adube

Todo adubo vira flor

Deixe que sinta amor
Deixe que sinta dor
Só não deixe que lamente

A flor que lamenta, a alma não alimenta

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Tentava pensar.
De poético não vinha nada.
Era só palavrão, obscenidade.
Também, esperar mais o que?
Era um orgasmo. Um regozijo inteiramente corporal.
Era suor, cabelo e corpo nu.
O calor do corpo confundia-se com o verão.
O hálito morno de quem acabara de gozar.
O sorriso meia boca e a respiração arfante.
Mas dessa vez não queria nem água, nem cigarro.
Buscava o mundo para relatar a breve experiência.
Ao mesmo tempo que comum, única.
Estava só. Sem alguém, nem vídeo, nem foto.
Mente e corpo. Juntos, e sós.
Na sensação mais intensa e efêmera possível.
A também mais ampla e contraditória que pôde pensar no momento.
As palavras se perdiam, no corpo que ainda espamava de tesão.
Quase poético.
Era mesmo orgasmático.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Porra

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Beware! Criminal!

Poder. O mundo tem se organizado em torno de focos de poder, no auge da influência hobbesiana e na observação dos últimos tempos tenho acreditado com uma fé quase religiosa no contrato social utilitarista. E, na definição de pós modernidade como velocidade, imediatismo, publicidade, consumo exacerbado e meios de comunicação de massa, quanto mais, melhor, o que temos é um retorno da vintage e descolada lei da selva, e agora, é comer ou ser comido.
E a internet? O ÁPICE de todas as concepções modernas, pode-se realizar trocas de informações, transações bancárias, comunicação entre seus entes queridos, “MSN LIVE MESSENGER!” “ Converse ao vivo pela webcam!”, “Ache seu par perfeito num click ”, “Hello, I’m Samantha, 22 years old, looking for a boyfriend!” O mundo é aqui, é agora, é em toda parte, e orkut, e internet e telefone e televisão foram desviados do seu propósito há muito tempo. Será que a função social dada de início para convencer as pobres donas de casa com seus vestidos floridos a comprar o consórcio do primeiro telefone sequer existiu? Propaganda, marketing e photoshop! E o que temos são essas multidões de solitários que choram de emoção ao receber uma propaganda mala direta com seu próprio nome, e MEU DEUS! No dia do seu aniversário! Desnecessário mencionar que o remetente pertence a companhia de seguros do carro.
Orkut, por mais que esteja ultrapassado, porque agora o hype é ter twitter, no seu surgimento foi o meio de comunicação melhor mascarado de bom moço, veja bem, havia a necessidade de CONVITE para entrar nessa rede, algo que obter rapidamente com grande número de contatos em seu profile era um indicador social mais confiável do que os do IBGE para avaliar o seu coeficiente pop.
Então todos os meios para unificar os usuários do planeta nessa grande família incestuosa não podem mais ser chamados de rede, creio eu, são uma cadeia, cadeia sim, cada um em sua solitária com seu computador/celular/telefone/pager/blackberry/i-phone/diabo-a-quatro devidamente conectados às suas redes wireless, e nessas cadeias substituem-se os almoços de domingo pelo delivery, o cinema de final de tarde é youtube, jornal é blog, declaração de amor é testimonial, convicção filosófica é community, compras é amazon.com, conversa entre amigos é chat, e mandar notícias, só via scrap, sms já não é mais tão hype assim.
E a vibe super in se expande, cresce, infla e transborda até que todos esse meios de isolamento/conexão se reproduzam como hamsters desenfreados atingindo até os meios mais improváveis, afinal, se é possível cometer ilicitudes on-line porque se dar ao trabalho de manter o charme dos gangsters dos anos 50 ou dos cowboys fora-da-lei dos antigos westerns?
A indumentária, os trejeitos, o sotaque e todas as particularidades do banditismo são facilmente simulados, bastam algumas fotos (google it!), um profile bem escrito (Ou não! E muitas vezes não mesmo.) e pronto! Todas as idéias mais estaparfúrdias, propostas mais indecentes, vícios mais vis, fetiches mais repugnantes e crimes violentos estão devidamente protegidos pelos privacity terms, yes, I accept e tudo está devidamente legitimado. Todos os lobos com profile de cordeiro imunes ao risco do flagrante, incitados pelo fácil acesso a esses meios de comunicação e protegidos pela idolatria ao lucro das multinacionais e seus advertisements by google.
Ainda, por mais que seja incisiva a prática do Ministério Público, e do Sistema Judiciário no combate a falsidade ideológica, homofobia, racismo, pedofilia, propaganda eleitoral indevida, e todas as CPI’s e Ações Civis Públicas e condenações, como combater juridicamente uma crise ética e moral?
Bom senso talvez, bom senso em valorar corretamente as prioridades, quebra de contrato de sigilo com um pedófilo ou conivência com sua prática? Seria preciso curso superior ou estudo aprofundado dos princípios gerais do Direito para responder tal indagação? Se, não obstante as convicções impulsionadas pela ética, que bastem aí, as determinações legais quanto a prestação de um serviço, em que a qualidade do serviço em questão é diretamente proporcional a adequação do serviço prestado quanto ao serviço vendido e proposto.
Houve um tempo em que pessoas possuíam e-mails, profiles, facebooks, e agora tudo que resta é personagem, num mundo onde se come, bebe, dorme, fala, fornica, comunica, trabalha, mata, compra, vende, troca, viaja, cresce, cria a prole, e vive e reproduz e morre em frente a uma tela, seja esta de computador, televisão, celular, palm top ou maldito I-phone, um mundo onde as crianças assistem em média a 6horas de televisão (rede globo ou youtube) por dia, e pensam que vida é The Sims, e vão engolir, digerir e regurgitar toda aquela informação enfiada goela abaixo e crescerão incapazes de encarar olho-a-olho alguém que não seja o apresentador do telejornal.
Tenho uma perspectiva de um mundo solitário, onde todos usarão óculos escuros (não esqueçam, a vibe agora é ser vintage), para não encarar o próximo, e janelas de carros com insul film muito bem fechadas com seu ar condicionado, e os ear-phones vão impedir que se ouçam os gritos dos desesperados, e a grande profecia será a cotação da Nasdaq transmitida ao vivo, ao morto, tudo uma questão de ponto de vista.
E como tempo ainda será dinheiro, nesse tempo quem puder pagar mais por mais um minuto de exibição em horário nobre, poderá alimentar mais e mais essas mentes juvenis, e o próximo tirano será o dono de uma grande rede de comunicação, e todos os cãezinhos adestrados o seguirão fielmente em seus planos e ideologias, Oh! Tenho eu uma leve sensação de dèja vu?
E se todas as relações serão passíveis de ser contidas num database, é compreensível que até as mais patológicas sócio ou psicopatias tenham suas práticas por esses meios, seremos profissionais num mundo em que seremos indispensáveis, onde ninguém falará sem um representante legal nas massas conurbadas de ternos pretos das metrópoles para onde todos vão morrer para ganhar a vida.
E no judiciário, que ainda guarda na lembrança etimológica da palavra a idolatrada Justiça, o positivismo ressurgirá. E nesse sistema, brigas de casal, desentendimento entre colegas de trabalho, divergências ideológicas, e quem sabe até uma trombada que você deu sem querer naquela velhinha na fila do supermercado será resolvido no âmbito legal.
E os homens serão incapazes de conversar, e o advento da era da comunicação será uma era de surdos, mudos e cegos.
Porque agora até a falta de ética.com tem versão brasileira: Hebert Richards!

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

náusea





me ponho a vomitar e nada tenho
nem palavra, nem pensamento
da náusea ao sofrimento

balbucio o cuspe do que resta em mim
da dor dilacerante que me corta o estômago
quase grito
mas mal pronuncio
profano

nem estômago tenho mais pra suportar tal agressão
é mais que física...
agridem minha alma, destroem meu humor, humilham minha dor
e do resto de mim, é o que resta.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

crise existencial

nada comedida
extremamente e
externamente sem limites
num mundo atemporal
e desprovido da tão formosa imensidão azul

num sôfrego apego
irremediavelmente proibido
mas extremamente necessário
regado de ilusões baseadas nos próprios desejos
e totalmente fora de controle se segue a imaginação

a fonte que deve secar sem querer
a raiz que desprende buscando outras terras
talvez não terras desconhecidas
e nem tão distantes
apenas que ofereçam o adubo necessário para um novo florescer
em alguma outra estação

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

BURN MOTHERFUCKER




Queimaram tudo! Sufoquei com a população revoltada,
toda equipada com lanças, espadas, armas...
Tolos: Queimaram tudo e continuaram revoltados...
Milhares de pessoas. Milhares de motivos.

Não restou nada.
Nem alma, palavra, grito, ou socorro.

Queimaram as mágoas, as revoltas, os amores...
Jogaram seus coquetéis Molotov.
Armas, espadas, lanças.

Lanço-me mesmo ao alto.
Como sempre... Como nunca...

Já me cansei das queimadas, já me cansei dos coquetéis.
Resta-me dançar e bailar um baile silencioso, proibido.
Proibição obscena, oculta, saborosa.
Sinto-me jovem, rompendo condutas, costumes, imposições, regras.
E até mesmo sonhos.

Rompo tudo, corrompo até a alma. E sigo sem rumo, sem fumo.

domingo, 15 de novembro de 2009

tentando estabelecer a ponte

não nos deixe

cair em tentação
além!

NÃO PASSARÃO!!
junta fragmentária de pensamentos unidos à beira do desespero de dizer onde não há ouvidos nem bocas caladas apenas olhos famintos como quem ronca e não espera por nada senão pelo seguinte e sucessor que na espera não há depois alguma a não ser a própria busca incessante que nos leva aquém... e não além. os dizeres não ditos se amortecem para depois tomarem formas diferentes dissonantes desconsertantes desfalecidas à beira de uma convulsão vocabulímica de palavras à espreita do abismo que nos abraça no calor quente de uma facção de críticas julgamentos façanhas aranhas atônitas esperando o consentimento e tornando-se a si. o caralho! fui dezenove antes desse e a cada minuto meu ser se renova e torna-se mais de si até inchar explodir espalhar por aí a sua própria forma inicial e não evoluída. o caralho! quer-se qualquer sentimento a emanar livremente pairar sobre voar a visão turva esbranquiçada daqueles que aos poucos perdem a vista mas ampliam a visão para além de sua própria façanha experimental pretensiosa superior. o caralho! édens álcoois vícios analgezia acefalia narcolepsia paralisia do sono entorpecido... onde estou senão na própria nuvem? de marxismo homérico construído no limbo da realidade performática embromática linfática do orgânico então perdido em tum em tics em tacs em lápses. o caralho! a repetir todas as portas fechaduras cadeados asfaltos muros de berlins de amsterdã de são fransisco de istambul de piraporinha. divididos impossibilitados adversos roídos de infernal curiosidade fome desejo pulsação firme roer de unhas ranger de dentes de lentes de mundanças andanças falanças esperanças. é diferente:
o subjetivo não faz sentido se não trazido ao sub-objetivo.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Vacacio legis

esfera erotica da subjetividade, orgasmática multi interpretação e feromônicas entrelinhas multiperformática dialético-lexical adimensional ALPHA adimencional amórfica avessa à dicotomia humano-animal PARADOXAL IDIOSSINCRÁTICA INERENTE AO SER PECAMINOSO DE OUTRORA!!

profano instrínseco orgânico.. visceral canibal na autofagia espiralada tendente ao infinito profundo e inóspito híbrido âmago à flor da inerência Data Venia, perspicaz, regenerativa mediocrática midiática bluetooth imperialista pós-ocidental do homem moderno de MEU DEUS!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Ame-me
Nem que seja em fragmentos
Mas ame-me
Eu só preciso dessa auto-afirmação

Às vezes me odeie
Mas não me diga...
"O que os olhos não vêem o coração não sente" Ham?

Essas incertezas, esse quase de Veríssimo,
ME AGONIZAM

não sou quadro, retrato, pincel ou pintor.

Só tenho alma e escrevo
Meio desesperada para não perder as palavras,
À meia luz por temer a claridade repentina que pode me cegar.

Mas por fim
AME-ME
Em fragmentos mesmo.
Sou só uma parte.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

carne fria digita digita digita

sinta a frieza da escrita computadorizada
cadê o calor do papel, da caneta?

ahhhhhhh poetisa? poeta?
de meia tigela

finge que escreve, finge que compõe...
malemal compõe a própria vida.
fica aí se enrolando em um discurso gasto...
blablabla sou melhor que você blablabla
sempre se vangloriando...

váááá pro senado aprovar alguma lei que diga que tenho que obedecer aos teus comandos...
tenho cara de ser do exército? não vou volver à direita só porque você berra e cospe em mim.

perdigotos. perdidos mesmo. como tudo que remete à você.
idéias desordenadas.

por que se pusera a escrever?
toma teu rumo, e vá para a cama...

pois é criança, já passou das dez.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

eu quis que o personagem sumisse.
- venham cenários! venham cenários!
cenários vieram então. inúmeros. muitos. tantos.
cenário atrás de cenário. cenário e mais cenário.
bastidor atrás de bastidor? e agora?

sua mão direita toca minha esquerda. seu corpo é o oceano.
oceano sereno, oceano revolto, oceano solto, oceano sem fim.
de ondas traiçoeiras, de belas criaturas, misteriosas conjulturas.

"quando eu virei alma sem lugar
foi do seu corpo e não do meu
que eu mais senti falta.
eu pensei que eu era você,
de tanta ausência sua.

e então me olhava no espelho
e só via a melancolia.
as pernas da melancolia,
braços, mãos, peitos,
a bunda da melancolia.

só não via o rosto.
a melancolia não tem rosto".

AUTOR?

se você vai ler pela primeira vez, eu o invejo. não é todos os dias que temos essa revelação, logo no primeiro encontro com tais versos. e digo-lhe mais: você vai encontra-lo em um de seus melhores momentos.
os elefantes são por definição mitológicos, não tivessem eles carregado o mundo no dorso durante tanto tempo. o autor é também um mito. não ficaria nada admirado se, depois de ler o livro, você me viesse com uma pequena decepção.
pode acontecer que você já tenha ouvido elogios a respeito do autor e queria saber qual que é. em primeiro lugar, não empregamos uma linguagem bárbara. em segundo, o autor é um dos melhores vivos do brasil, quem sabe do mundo. e por que ele é menos conhecido? por ser misterioso. ninguém sabe onde mora, ninguém o vê. sabemos que existe pois publicou algumas coisas e - eis o thebest - de tempos em tempos aguns privilegiados recebem folhetos seus pelo correio. quando isso acontece os privilegiados vão para um canto e saboreiam as páginas como quem lambe os beiços. depois pelas ruas trocam sinais misteriosos, cochicham, olham para o mundo de cima. se alguém pronunciar vampiro de pasárgada, é ele. especialmente se lhe falar em pasárgada. e se há uma no mapa com esse nome, é outra. pasárgada mesmo está todinha nele. com seus tarados e solteironas, botequins e casos escuros. alguns pasargadenses ficam orgulhosos quando lhes dizem que moram na capital do mundo. mas isso é um código que eles não entendem. na verdade, eles nem moram na pasárgada.
não se preocupe com as histórias. se elas não terminarem é porque os personagens regressaram à sua vida normal ou o autor não quis acompanhá-lo mais. todos vivos, a distância entre as páginas e a realidade é menor do que entre uma rua e outra. (cuidado com os alfinetes. eles podem espetar quando você menos espera. não dê dinheiro ao velho). o segredo da grandeza de um autor é esse: trazer o mundo para dentro, sem distorções, sem desidratar a realidade. viver já é em si uma coisa espantosa. manter-se é como empalhar o pássaro sem que ele deixe de cantar. que faz? não empalha.
nas estórias não encontrou grandes tragédias ou sujeitos exepcionais. quem sabe seja um mundo tão real que não seja captado para nós de hoje: sua obra é todo um ato de sobrevivência (uau auau miau!). sobrevivendo num tipo de linguagem, num tipo de vida, num tipo de morte. teria escolhido uma estrada simples? dos que têm algo a dizer?
elefantes morrem na solidão. e além de tromba e marfim, tem dias de circo e furor. no mais, são mediocres e pacíficos. não diferem muito de nós. para o autor, homens vivem florestazinha particular, um assombro. homens-animais que precisam de ternura, tortura, sonho, frustações e chocolate.

adaptação da orelha do livro "cemitério de elefantes" do Dalton Trevisan.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

OUVIDO DE ALUGUEL

pudera mesmo as passagens se sobressaissem ao anseio de pregar-se à cadeira e se lamentar, mas aos curiosos nada resta mesmo além da sala escura e do vazio na multidão. pudera os desejos sinceros e travestidos pudessem vir à tona delicadamente, mas eles vêm de sorrateira à espera do perdão. a associação não passou de um pesadelo que, entorpecida, tornou a tomar. porque não desiste e pensa que resiste, mas que na verdade tosse e exala felizmente algum cantinho qualquermente encantado. e mesmo que nu, ainda resta o que pensou ser encantos e o palavreado sincero de um admiravel mundo novo. ou o rostinho infeliz de alguma mágoa sutil e dócil. a pratica é assustadora e a ousadia também. otário o que fechou os olhos na primeira vez em que viu. ou deixou-se abalar pela linha tênue entre a ironia e o desejo. a mão que te estende são essas, palavras. livres, confusas. e tristes.
a verdade inimiga do conforto soube-se de primeira até que a serpente mostrou-lhe o caminho da maçã. confunda-me deus, pelos tremores conceituais que tornei a chorar. se só aqui que posso contar aqui resta. na espera de algum ouvido amigo. mas quando aparece, estremece. ou deixa-se levar. afoga-se, mergulha. entra para a verdade da mentira. ou pela porta dos fundos. ou pela caixa do correio. ou pela cara que lhe esbofeteia e coloca-te na realidade de que o que buscou foi ilusório. ou transitório. os otimistas ficam com o ultimo. e quando não se resta mais saída, a gente se conforma. ou reconhece que o jeito é tolerar, virtuosos os impotentes. tão imperiosas as vontades que nao pode-se satisfaze-las sozinho? hora essas que passam tao rapidamente que nem sente o que outrora julgou fazer-se então poderosa. e de peça em peça suou até escaldar-se de tão exausto, deitando em cima da montanha esclarecido então de que finalmente falava sozinho.

Gente

Ainda que me tomem as conjecturas frenéticas sobre todos os diálogos inconclusivos travados trovados trovejados tempestuosamente durante os últimos dias sofro do [in]cômodo bem estar apático e certo de todas as pontuações vírgulas advérbios e regras gramaticais irrefutáveis e coesos. Tudo com muito sentido muita direção e intensidades calculadas e resultantes, os vetores que vão pra PUTA que os paril! Pega tuas setas teus talheres tua castidade tuas etiquetas tua repugnancia por tudo que é deliciosamente falho e humano.. e enfia no cu.
Ai o magnânimo e infalível poder libertador dos impropérios, quem você pensa que é com tua moral perene de todas as igrejas e conventos e mantos de santos e coroas de espinhos celibatárias e inquisitoriais?
Te prostitui, vende e renega teu âmago por mais um convite e mais um depoimento orkut. Não fala alto não come não fode não bebe não te excede e não seja sempre esteja, te monta boneca de luxo! Com aquele vestidinho da coleção outono inverno 2009 e compareça alegremente nos eventos desse teu high society claustrofóbico com toda integridade modelo plástica.
Faz-me rir com tua aversão implantada a tudo que tornar-te-ia humana, "aaaaaaaai eu não sou rancorosa!" Sempre foooi meu bem! Com toda gula e preguiça e vaidade e luxúria e ira e cobiça e avareza que deveriam te correr nas veias, o que [es]corre por ti agora é tua própria vida que deixaste nas esquinas pisoteadas por teus sapatos, que passa dia após dia enquanto és arrastada por tua coleira de brilhantes de um lugar pra outro, sempre sorrindo... não excessivamente pra não enrugar o teu rostinho catatônico inexpressivo e anêmico de toda anorexia sentimental que te corrói enquanto tu treina teus melhores ângulos no espelho.
Fartei-me! De todos sorrisinhos amarelados e batom rosa claro, me enjoa esse doce de todos os sapatinhos baixos e peles de marfim e pêssego, de todas as roupinhas amarelinho pediátrico e rosa bebê e azul calcinha...
Vou sair fornicando promiscuosamente com todos meus conflitos monocromáticos barrocos em público atentando violentamente ao teu pudor e tua estética metálica e estática e rendada com todo o fluxo hormonal, terminação nervosa, pele, paradoxo, sangue, erro, suor, dor, secreções e hidrocarbonetos cabíveis às infinitas possibilidades orgânicas de ser substantivo, não estar nesses teus verbos transitivos de ídolos deificados, só ser.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

por hora pensei que
isso aqui fosse
sumir
subir
que isso aqui
deixasse de fazer

que a então dança
das palavras
não
são
então
patéticas
frenéticas
estéticas
estáticas

sexta-feira, 24 de julho de 2009

tic tac

completamente
completa a mente
contempla e mente
com o tempo mente
o tempo mente
tempo e mente
temperamente
temperamento
tem pensamento
tem pressa
tem tempo

terça-feira, 21 de julho de 2009

Citação










"Do rio cujas águas tudo arrastam se diz violento,
mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem."

Bertold Brechet


domingo, 12 de julho de 2009

CAPITALI$MO & ESQUIZOFRENÉTIC@S

- vá vencer na vida, filhinha, vá vencer na vida.



me dizia aquele maldito velho já escroto, caquético, quase sem dentes.
- vença na vida, menina, vença.
ah, fodam-se. tomare que ele enfie o dinheiro e o dedo no cu. quem sabe assim ele vence primeiro essa falta de vida que falta pra morte dele. dinheiro e conseguinte felicidade? vão pra puta que pariu. se fosse mulher saberia que posso virar puta.
- o que vai fazer estudando os orixás, menina?
vou é fazer mandinga pra que esses teus míseros momentos que te restam sejam lotados de miséria. pra que esse teu probleminha de fim do mês se resuma a meter um pão na boca e um copo de água na garganta. fodam-se. já me fartei dessa merda toda. se não é isso, são os fanáticos. mas eu prefiro eles. os messiânicos. aqui nessa terra tem que ser tudo em nome de deus, mesmo.. e se já não bastasse esse medinho infeliz da perda... ahhahahaahahah medo da perda? seus bostas. quem perde a vida são vocês. lixos. escravos. do trânsito. da moda. do orgasmo forçado. e ainda me vem com essa politicazinha suja, imunda, falsa.. hipócritas! militantes do medo, da mentira, cheios de pulinhos e de biquinho fechado, só aberto pra espalhar da piadinha alheia hihihi. corrosão maldita, queime essa merda toda, se consideração se resume a isso eu prefiro arder no mármore do inferno e descolar uma boa trepada com o diabo.


M E R D A !


se ao menos dessem ouvidos a todo esse falatório desordenado, a todas essas cabeças se espremendo pelos cantos, a todo o vento engolido pelos prédios, a toda boca que só cala, todo ouvido que só ouve, a todo calo nas mãos, a todo sorriso sujo de feijão, a todo pé descalço, a todo desespero alijado nas bocas cotidianas, a toda lágrima que cai muda e sozinha porque se conserva medo, moral e razão. e culpa. se ao menos ouvissem os (en)cantos agonizando em solitarias mentes por puro movimento vadio e perdido. é essa maldição que engole e cospe mantendo todo esse (des)esquilibrio vadio entre inclusão e exclusão. chega.


agora? senta e chora.
castigo-te por buscar.
era melhor se calar.



vomitar esse tédio todo por algum canto escondido. onde só estejam os porres, as porras, os restos e os rastros. mais uma fábrica abandonada tomada pela escassez desses malditos dias que soam em frenéticos tictacs alucinados, desnorteados. eu prefiro me perder! e repetir incansavelmente essas palavras febris e cíclicas.. do que dançar nessa folia de "mão com mão, pé com pé". palavras mal escritas, palavras mal ditas. antes fossem esquecidas e digeridas? mas não desce! e se desse, eu enfiaria o dedo na garganta à sua busca. já não se sabe se levanta a cabeça e acha a luz ou se abaixa e morre. seria mais um nu a beira da marginal tietê, mais um número, mais um cadáver indigente - sem documento não é gente, sem documento não é gente... o caralho! Direitos? direito eu tenho é de me matar até a morte. e caio no funkfilosófico do "destrói com a História, acaba com a moral". gaguejo!! em vez de sujar minhas mãos de $angue... parar e respirar e ser atropelada por mais um apressado atravessado. olhar para o lado e só achar hipocrisia, autoridade e covardia, edifícios, bancos e artilharia! vou é me encantar! onde se esconde o palavreado febril dos bêbados, o suor afoito dos amantes, o embalo tresloucado dos apaixonados, a fé dos carentes, a curiosidade das crianças, a espontaneidade dos animais, a ousadia dos desobedientes. "destrói destrói destrói com a História, acaba com a moral"..


AFASTA DE MIM ESSE CALE-SE!!!
senhor cidadão, filhodeumaputa, venha cá e me diga quantas toneladas mais de medo e covardia você vai despejar na construção da tradição? senhor cidadão, me diga o porquê.. se o dia todo você passa, bate e volta, vai e vem - e já parou pra reparar quantos gritam ao seu lado? já parou pra reparar que aquele montaréu de papelão que você desviou é mais um coração perdido? já parou para ver as lágrimas escorrerem pelas paredes dos velhos e nostálgicos edifícios arruinados? já parou para tentar achar coerência ou ao menos carência na fala daquele louco que estribucha na tua esquina? já parou pra pensar nessa boçal "civilidade" em que vc desvive? já parou pra se tocar que vc enche o cu de propriedade e teu empregado não tem teto?
senhor cidadão me diga o porquê de você andar tão triste. é porque na briga eterna desse mundo tem que ferir ou ser ferido?






- MA$ QUANTO VALE ISSO, MOÇO?

terça-feira, 23 de junho de 2009

SUICÍDIO!




Sucesso! Até a rosa se enforca!
Atira-se da janela!

VIDA INJUSTA!
Ó! Dificuldade de seguir um sonho...
Até a rosa desiste!
Despetala-se e agoniza.

Sem vaso, sem fachada, sem corda, sem forca,
então pra quê dor?
(anador!)

Adiantam analgésico e antitérmicos?
Quero mesmo parar de sentir dor ou calor?

Sou humano, busco
D
E
S
U
M
A
N
I
Z
A
Ç
Ã
O

Numa cadência decadente para todos que ainda tentam.

"Parapapapá..." (amo muito tudo isso (?))

E entoa a música fúnebre.
O amor platônico e capitalista.
Cante e vá em frente...
SUICIDE-SE!

domingo, 21 de junho de 2009

Acredite, eu vi e tenho fotos!



a Justiça
tá de olho vendado
pé quebrado
sozinha
à beira mar



quinta-feira, 18 de junho de 2009

O Fim Dos Tempos

Frio, muito frio
O ponto de ônibus, ele atrasaDescalço as luvas para ligar meu mp3 para que a musica me distraia,
Ergo minha trincheira de fones de ouvido,
Acendo um cigarro
Umas tragadas
O pingo de chuva cai exatamente sobre a brasa
Enquanto recupero o isqueiro na enorme bolsa bagunçada
A bateria do mp3 acaba... do celular já o havia feito a muito tempo..
Ouço um velho balbuciando uma bobagem qualquer...
Um homem clama ter sonhado com o Fim dos Tempos
Clama em altos brados como sonhara com o mundo consumido em chamas,
Com os prédios sucumbindo,
Torrentes e fortes chuvas,
E raios e trovões
E tudo culminava em um espetáculo pirofágico que consumia a todos,Homens e mulheres e velhos e crianças
Contava seu pesadelo enquanto aparava as heras do jardim de uma franquia multinacional de fast-food qualquer
Mencionei que chovia? Pois sim chovia, e a temperatura de quinze graus centígrados me causava dor nas juntas...
Então não via, o pobre homem, que o fim dos tempos estava ali, estava ali em sua própria imagem e semelhança, retratado nas linhas das rugas daquele homem franzino que trabalhava molhado sob a chuva naquele dia frio. Contratado por aqueles que detém tanto e pagam tão pouco.
O fim dos tempo começou quando o “um por todos todos por um,, foi substituído pelo “cada um por si e Deus contra todos,,.
O fim dos tempos é esse em que vivemos,
Da jovem drogada,
Do pai que esquece o bebê no carro,
Da mãe que cafetina a filha,
Do menino de 13 anos que aponta a arma na cara da socialite parada no semáforo.
A cada segundo há o final do tempo que se exaure com cada grão de areia que cai suicida nessa ampulheta trágica.
A cada segundo mais um par de olhos que se fecha pela última vez
A cada segundo ocorre um crime hediondo contra o mundo, pior que todos os dilúvios e chuvas de meteoros e qualquer cataclisma previsto escatológico
A cada dia comete-se uma atrocidade mais sem sentido do que o Gênesis
E ninguém vê que vivemos a apoteose apocalíptica da solidão deliberada,
Todos estão excessivamente plenos em seus próprios carros, notebooks, controles remotos e cartões de crédito.E há crianças chorando de fome,
E há aqueles que oram, temendo o soar das trombetas do Apocalipse
Sem ainda ouvir que estas já soaram,
Com o timbre emitido pelas cordas vocais dos desesperados
E esse Armagedom cotidiano é tão estapafúrdio
Que nenhum sonho profético poderia prever
Que o fim dos tempos
É agora
...

domingo, 7 de junho de 2009

OMEROMOTIVO

- amor?
(por obséquio...)

- a vida entre essas frestas de concreto, digo..
- onde sobreviver, sinto..

- "risco de vida"? NADA!
(respiramos.)
- ainda que a selva de concreto ou à margem do objeto..

- se você quem sabe der tudo de si..
- controle?
- cortejo!
(cogite algum banquete!)

- liberdade cativa?
- poder?

- visível.
- inverificável.

- CÁRCERE EM PRÓPRIA EXISTÊNCIA?
nada!!! NADA!! NADA nada!!

- confusão, ilusão
- confusion, ilusion

- mas, diga-me:
"o que tens aí agora para mim?"

- pensar?
- sim! ainda há tempo para argumento.

(mas o tempo NADA.)
AINDA!

pois há
(NO FUTURO)

- um mero motivo.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

o cheio cheio de tédio.

vai, volta, alonga, come, ouve, masca, cospe, grita, chora, lê, vê,
sente, sente, masca, anda, corre, ouve, come, pira,
fica, vai, desconfia, cala, anda, acha, corre,
consente, baixa, vota, fica, come,
masca, chupa, morre,
dorme, fuma,
grita,
bebe, chora,
caga, come, faz,
volta, pausa, vê, sente, sente,
pensa, lenza, venza, basa, banza, lenta, jóia,
nóia, euforia, cantoria, clímax, m, lembrança, falança,
vaga, nada, nada, vaga, vago, mala, vala, fala, cala, pala, rala e









olha.

domingo, 26 de abril de 2009

Aprovada no vestibular



Perco os planos, o nexo e a linha de raciocínio. O pensamento voa longe. Longe do teclado, das mãos, dos dedos, das unhas, dos pés, da cabeça, do corpo. Indecisão alojada no interior. Certo medo contido, quase proibido. Numa esperança de fazer-me forte, indestrutível. Movida a adjetivos. Quanto mais adjetivo, mais fácil esquecer qual é o substantivo. Mais fácil de esquecer logo tudo de uma vez. Esquecer o mundo e suas dores. É uma experiência louvável, lamentável. Onde sufixos não se fazem suficientes para explicar. E prefixos só prefazem verbos já auto-suficientes. Não é preciso recomeçar. Mas apenas começar de novo. Sem proteger o começo com um prefixo. Ele não precisa disso. Há inúmeras outras necessidades tão mais "necessárias" - para não dizer urgentes e fazer-me redundante. (...) Faço parte de um ciclo. Um vício. Um ciclo vicioso. Sou fruto do meio, da influência. Não tenho autoridade, sou bicho. Literalmente sou bicho.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Tuas Horas.

Tempo tem passado sem passado, em passar ainda estranho, mais rápido, menos corrosivo. Suavemente, às escondidas, despercebido, nada sofrido. Resíduos umbilicais bagunçaram ponteiros e distâncias. Até o paladar, senão dirá em próprio corpo. Não mais sente-se: Vê. Encontrando-se preso, as nuvens a andar e a Terra a par a parar, enquanto o fenômeno natural é axioma inverso. Qualquer esquizofrenia cotidiana não saíria assim, pela porta social, a olhar sua cara cansada e pálida estampada no descarado espelho do elevador, pelo ilustrador corriqueiro cheirando a entrega particular, a preguiça moderna, a estática vida de frenético e desenfreado movimento da metrópole. Era claro, nítido, cristalino, pudera límpido. E saiu. Saiu pela porta social, desceu calmamente o elevador, olhou tranquilamente os ponteiros do relógio central passarem, dançarem, recuarem, trépidos, trêmulos, medrosos, covardes, foragidos, coagidos. Façanha. Não haveria tamanha liberdade assim, descer escadas, pular muros, invadir tão próspera propriedade e tão corrompida conseguinte família monogâmica sutil, educada, de tamanha cortesia. Haveriam de inovar, inventividades sem tamanho, maravilhas espetaculares, porém haveria um limite, ou ao menos uma sequência consciente? A vista seria familiar por mais que distante, por mais que assutadora. Não haveria de emaranhar conclusões fulgazes de horas de relexão incognoscível, cíclica, carcereira, enfadonha. Não era possível. E os sinais? Semáforos? Faixa de pedestres? Símbolos, símbolos e símbolos, sim!
Simbologia? Engoli.
Pílulas diárias, castração e prostração, horas de arroxeamento vil, personagens atrozes, dançarinos antenados, atores momentâneos. Estendia a mão, rogava pelo pão, implorava aos olhos. Aqueles petrificados de páginas emboloradas de alguns já seculares meses atrás. Angústia. Palidez. E, como numa gradação de tamanha sutiliza que quase despercebida, atingiu ao clímax real em enredo fictício, impune por gerar tantos delírios e ilusões ao cotidiano já torporizado. Evoquei-me. Pudera viagem astral. Delírio onírico. Demagogia! Demagogias. Não passam disso. Despe-se Desejo, transveste-se Realismo. Pois não? Tudo gulosas pupilas, a engolir olhos, segurar cajado, machado, conduzir boiadas em pastos, perdidas e imóveis a caminho do já traçado desfecho. Fecha-se em pétala, abre-se em botão. E ao desabrochar, já não fura: Atravessa. E agora: Seis da tarde, horário de verão. Passava assim, verdadeiras dunas de duas, duras, puras? Tuas Horas.


terça-feira, 24 de março de 2009

A morte da borboleta.


Meio-dia,

Pega tuas coisas enfia na bolsa sai correndo...

Olha q vai perder o ônibus,
Chega correndo esbaforida no ponto e espera o monstrengo metálico chegar,

E chega estalando e businando e rangendo,

Com todos passageiros que rangem como ele,

Rangem de cansaço de fome, de tanto falar sobre nada e de tão cheios de vazio,

Passam pelo motorista e cobrador como se estes fossem também de aço e soldados aos canos,

Rostos suados, enrugados,

Cobertos de marcas e de cansaço,

As crianças parecem bem mais velhas com seus olhos graves e pensativos,

Se acotovelam, tropeçam, tossem, espirram respiram

Um espetáculo teatral grotesco como freak shows de circos itinerantes...

Uma curva à direita no largo do arouche...

O inseto singelo e delicado voa languidamente...

De asas alaranjadas como se quisesse guardar pra si o brilho do último pôr-do-sol antes q as partículas de sujeira cobrissem o último pedaço de céu,

E voava tão suavemente

Que entre o abrir e fechar de asas cabia toda a eternidade de cada sorriso e cada beijo,

Desenhava linhas sinuosas em seu vôo

E mostrava, tal qual uma dançarina burlesca mostra as ligas, a parte negra interna de suas asas,

Negra com pequenos pontos brancos,

Pedaços de noites de verão recordados e guardados para emergências futuras,

Pra noites nas quais apenas olhar para uma estrela resolve,

E o fragil inseto irradiava a magestade da sua rotina dançada,

Captando os últimos sinais da elegância em meio a brutalidade do viaduto,

Até se estatalar no vidro ao lado do meu banco,

E despencar ao chão carregando consigo o peso de todos os anjos decaídos,

e das almas corrompidas das crianças adulteradas,

Cede ao asfalto, à pedra e ao metal.

domingo, 15 de março de 2009

Optando pela apatia conformada, minha resignação à falta de afeto levou-me a reflexões tais que a tragédia escatológica da carência nao podia-se mais evitar...
Assisti ao último romance estúpido, e ao último videoclipe musical... e no último gole da última taça de vinho... E a frustração do surrealismo daquelas paixões fervorosas geram a ira incontrolável...
E quis quebrar o nariz arrebitado da mocinha de olhos claros de cada filme água com açúcar, e jogar petróleo em cada praia caribenha q eu nunca visitarei, e rasgar todos os vestidos de noiva e atear fogo aos seus buquês e assistir à alegoria do amor pueril correndo ensandecida altar abaixo com seu véu flamejante... E quis rasgar todas as telas de todos os pintores, e quebrar todas as esculturas, quis jogar uma bomba em todas as ruínas gregas com sua maldita proporção áurea, e arrancar os cabelos perfeitamente ondulados de cada top model magrela e borrar-lhe a maquiagem, quis gritar impropérios dentro da catedral de São Pedro e espalhar livros de kama sutra num convento, quis fazer um bebê rechonchudo chorar, e quebrar toda porcelana da dinastia Ming, quis fervorosamente destruir algo belo... algo belo e inalcansável para preencher todo esse nada que tem me consumido...
E conclui-se que já não é mais facultativo que meu estado emocional tenda a quase catatonia, é a solidão monocromática que me aleijou a alma nesses últimos dias...

domingo, 1 de março de 2009

Goodbye, Nice to know you


Me tomam durante essa semana considerações sobre a minha dificuldade em dizer adeus... No decorrer dos últimos meses encontrei pessoas que marcaram-me a ferro e a fogo com sua individualidade, sua cultura, suas expressões, sua liberdade e sua loucura porque não dizer... E fizeram tranto por mim que não posso deixar de lamentar o quanto falhei em retribuir. Pessoas que amei tanto em tão pouco tempo e agora se vão...

E eu queria ter fumado só mais um cigarro e terminar mais uma jarra de café...
Queria ter sentado em mais um bar barato e divagar e declamar todos os verbos advérbios e adjetivos de todas as heresias que pensava...
Queria ter ouvido só mais um vinil,
Queria ter dado só mais um mergulho,
E só mais uma risada e derramado só mais uma lágrima,
Eu queria poder vagar alcoolizada por só mais uma rua escura,
E ter tirado os sapatos na praia e enfiado meus pés na areia só mais uma vez...
Eu queria poder ter feito mais e falado mais e me armadurado menos...
Mas o sinal abriu e as hordas me empurraram pra atravessar a Paulista,
E o banco estava fechando e tinha uma reunião as 15:00
E já era meia noite na Coréia,
E o dólar baixou,
E estava presa no engarrafamento...
E ficou muito tarde...
Eu deveria ter agradecido mais, retribuído mais e exigido menos...
Mas agora não há mais tempo...
E eu sinto tanta falta,
E n consigo esquecer,
E vejo meus traços marcados pelo tempo no espelho,
E vejo q não é o tempo que os marca
E carreguei comigo um pedaço de cada,
Cada um dos que passaram me ajudaram a formar o patchwork psicológico psicodélico de mim
Carreguei o blues, os olhos de cigana oblíqua, a serenidade, a brincadeira, o sorriso, as piadas infames, as palavras difíceis e a poesia...
De um de outro formei um novo pedaço de mim...
E todos os segundos se tornaram infinitamente maiores e mais relevantes
Dessas flores de cerejeira que não seriam tão belas se não durassem tão pouco...
E dizer adeus não se torna tão duro talvez...
Talvez se torne um até logo
E talvez às voltas encontre um e outro outra vez
Destes tantos que foram meu início, cura e fim.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

São Paulo



- devaneio.
não perca seu tempo. não faz sentido. é incoerente. desconexo. e pode ser invasivo.


eu fiquei pensando aqui, por dias, na oportunidade anseada em abrir essa página, vir aqui, escrever coisas sem sentido, ou coisas querendo ter sentido, coisas querendo não ter sentido... ah, que puta blábláblá! não foi nada disso de contemplação, de abre aspas, dois pontos, citações, por obséquio. o negócio agora é pá. eu andei pensando por aí, vagando por lugares e contando um conto a mim mesma, daqueles assim numa subjetividade imensa que só pode sair de você a partir de alguma maneira que você ainda não descobriu. porque, vou te contar, escrever tá foda. eu fico pensando assim, a esmo, pensando em colocar no papel, mas, peraí, não dá. os tempos são outros, não se pode mais passar a velocidade das idéias à risca sobre uma folha de papel. o negócio é diferente, as coisas estão mais velozes, já é velha essa história de museu de grandes novidades. e, meu deus, antes eu cotumava vir aqui e escrever coisas pseudo-sociais, agora eu venho aqui e só quero é saber de mim, a subjetividade é mesmo uma merda, foca o mundo todo em você e no seu umbigo e na sua visão, eu sabia que o mundo ia acabar assim, cada qual com seu james brow, é sempre assim. e ainda querem dizer que a arte ahahahha tá, eu confesso, eu vim aqui só pra destruir mesmo, afinal, eu não construo coisa alguma. venho aqui, coloco umas fotos estranhas, uns quadros expressionistas, umas frases desconexas e acho que estou construindo algo. ah não. o negócio agora é a descontrução, entendeu? desconstrução. demolição. pilastras abaixo, galo na cabeça, colunas caindo, madeiras em chama. ora "mas que mulher indigesta! indigesta! merece um tijolo na testa!" mas, vamos lá. ponha-se no seu devido lugar, com seu arcabouço intelectual brasando na flor da sua curiosidade e mocidade. agora, abra aspas, coloque um sugestivo dois pontos - ready? - segundo Luiza Haddad, antropóloga e socióloga pela Universidade de São Paulo, pesquisadora na área de antropologia urbana... haahahah aí é capaz de ter gente que finge que me ouviria. o ser humano é mesmo um cara engraçado e desgraçado e sem-graça, adora se fantasiar de qualquer coisa e louvar as fantasias que usa ou que os outros usam, eterno carnaval, se fantasia do que for mas se fantasia é de lixo puro, já explodiu. mas seria a mesma coisa, a mesma mente, a mesma formação. ia mudar o número de livros que eu li, as experiências quer tive. eu poderia vir aqui e citar grandes filósofos do pensamento contemporâneo, poderia falar que segundo o diretor bibibi no filme bababa e fazer uma ponte com os conflitos no cáucaso. mas, e quê? como diz o velho saramago, e quê? e nada. nadinha. nadica de nada. eu estaria aqui a dizer coisas ao léo, como estou agora, só que mais pompadas, cobriria o bolo de merda com chocolate e você se deliciaria, lamberia o prato e os beiços, rasparia a fôrma com seu dedo indicador. agora, por que não me ouve? vamos lá, sinceridade é o que há (na verdade é o que não há), ninguém se ouve. parei com essa de achar que as pessoas ouvem outras, elas ouvem é seu próprios ecos em frequências ajustadas a seu ouvido. é isso aí. e falo também que se eu falsse isso, entre aspas, inventando qualquer citação prolixa, de uma maneira mais pomposa como "na atual situação, o ser humano limita seu campo auditivo apenas no que ecoa de seu próprio Eu" você ia achar que acabou de ler a nata da psicologia moderna. ah, grandesbosta. e eu fico por aí, gritando pelos cantos, me arrastando por aí, rastejando, comendo migalhas escondida, não ouvindo ninguém de verdade, falando coisas repetitivas. e eu inventei uma estética, chama-se (han,han) Estética da Repetição. será que alguém já inventou? mas pense nela com carinho, é tudo repetição, até seus pensamentos, presos a um ciclo sem fim. - oi, eu tenho minha própria estética (acende um cigarro e solta a fumaça rapidamente, olhando para ela): Estética da Repetição hahaha sou eu, é você, são todo mundo junto, ele, eu e você sou eu. lembra? e eu ando ouvindo apenas aquilo que traço no meu roteiro do que quero ouvir - hoje, observarei os meninos de rua. Olha lá, quantos, quantos! enquanto fechei os olhos pro resto. é assim, escolho o que olho, o que ouço, o que os outros falam. isso me incomodou desde sempre, costumava me inquietar e querer abraçar o mundo, entender tudo e todos. e quê? e quê? e nada. é assim, eu interrompi meus pensamentos pra tentar criar algo aqui que não leva a nada, mais um túnel que o carcereiro deixa inacabado na sua já incontável tentativa de fuga. acabou que eu decidi que o negócio agora é metralhar idéias e pontos de vista, vomitar concepções ou não-concepções, sem acabá-las ou desenvolvê-las necessariamente. pápápá: idéias contrução imagem palavra idéia visão um cão. é assim. vou lançar frases ou palavras, pronto? CICLO. MARKETING. ENCRUZILHADA. pensou, pensou? ou senão eu posso vir a criar coisas pela metade, por exemplo: toda busca bela igualdade é hipócrita, pois a aceitação da diferença vem depois de reconhecida a semelhança (pense nisso). outra: a foto inicial traça caminhos conformes. pronto. não acabei, nem desenvolvi nada. faça você mesmo ahahaha eu cotumo ler livros até o finalzinho e não ler o final, às vezes eu odeio o final, já criei o meu final, ou não criei final nenhum, não quero que o cara termine por mim. apenas a antropofagia nos une, lembra? aí eu uso o autor, sugo seu enredo e o final ponho eu. um anti-final, uma anti-arte, um anti-filme blábláblá que falatório desordenado! peraí né. eu já disse aqui que toda verdade é válida. isso aqui não é verdade porra nenhuma, é pura modificação, já disse, daqui a oito minutos odiarei isso daqui, quem fez essa porra? quem disse isso? esquizofrenia pura, queime essa merda, DELET. hoje eu andei pela Avenida Paulista. em minha primeira saída como paulistana oficial. uhul. agora sou moradora da maior metrópole brasileira uhul que legal, que mundos, que leque, que economia, que discrepância uhul São Paulo!!! aí eu sentei ali no vão do MASP, junto com mais uns trezentos negos, um executivo fumando seu charuto e um fantasma esfomeado ao meu lado esquerdo, com seu pano estranho um dia branco. aí sempre tem aqueles caras com uma pinta descolada, que tipo-faz-fotografia ou tipo-faz-cinema ou tipo faz-artes-plásticas ou tipo-faz-FFLCH com suas roupas descoladas, cabelos penteados estrategicamente para parecerem despenteados, suas sandálias arcaicas ou moderninhas demais, livros acidentalmente caindo pelas sacolas que eles insistem em chamarem de bolsa, com suas câmeras maneiras de preço salgado, registrando os arranha-céu, ou as ruas, ou essa gente e mais gente. aí me aparece um ser com um carrinho de feira abarrotado de coisa. era uma mulher. sim, existem mulheres além desse bonequio que você vê em massa pelas ruas. os bens dela eram reduzidos a: seu carrinho de feira. suas propriedades: no carrinho de feira. anotações: no carrinho de feira. alimentos: carrinho de feira. roupas: carrinho de feria. tudo era no carrinho. tudo era o carrinho, o carrinho era tudo. eu até pensei em reduzir meus bens a um carrinho de feira, seria no mínimo interessante e prático, teria sempre tudo o que tenho à mão, a gente vive tendo coisa e mais coisa e nem cabe no nosso alcance. e o executivo acende mais um charuto e vem aquela fumaceira toda, junto com a fumaceira do baseado da turminha ao lado. o quê? eu traguei São Paulo! cof cof. e a fumaça (voz de quem prende a fumaça) virou: A Avenida Paulista: plaft! eu poderia achar um ruído melhor para a aparição da Paulista. vamos lá, tentando novamente. A Avenida Paulista: PÃ. bem seco. é isso aí. agora o fantasma esfomeado e sujo se levanta, despe-se de seu luxuoso lençol de algodão egípcio e ruma à sua terra. e eu? brigada papai, agora posso morar em São Paulo hiihhiihihihih os cara tão achando que é pra qualquer um. na selva de pedra todos querem sobreviverr mané. que nada vai. chega. sem definições por enquanto. tem de tudo, de tudo tem. o foda é estar sozinha na casa de noite e ter que ouvir o barulho dos seus chinelos arrastando pelo chão, ou do seu próprio pé, empoeirado e sujo, seco e áspero, se arrastando pelos cantos da casa. isso é terrível. e ainda tem as unhas. unha é feio pra caralho. não adianta você me vir com sua bela mão pintada. poha, isso não é unha. se ouvir é terrível. não ouço nem a mim mesma, notei isso. agora ouvirei. gravando: minhas mãos, anexas a um corpo desrumado, roçando pelas paredes da casa, quase que fundindo-se a elas, no decorrer de todo o perímetro da casa. ai! que coisa enlouquecedora. o negócio é estar no meio. e meio não é mais metade. meio é meio, saca a diferença? e pode ser meio do começo, meio do fim, meio do começo do fim, o que importa é estar no meio, o que importa é a goma, porque depois que tu mascar vai é cuspir tudo. e tenho dito. depois de nadar tanto, não vem litoral nenhum. o legal é nadar.





(Palavra faz tudo. aqui Lu é verbo, advérbio e todos os sujeitos.)

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Quantas vezes mais?

Precisarei mesmo repetir que não me importa "o que as pessoas fazem", me importa "o que as pessoas fazem à minha pessoa"? E quantas vezes precisarei mostrar a simplicidade das coisas? A facilidade de certas escolhas, de certas atitudes? Vou ter sempre que me calar e esboçar um falso sorriso amarelo? Quantos serão os capazes de pisar em mim, na minha moral? Peguem seus egos tão inflados, estourem-os e parem em ilhas longínquas da minha pessoa. MANTENHA DISTÂNCIA. De pessoas como estas, tudo o que eu quero é distância. Teu humor é sem escrúpulos. Tua voz desafina. Minha confiança quebra. E não tente reconstruí-la, porque ao passo que a quebrou, reconstruí-la não valeria a pena.


-

Um lamento, um desabafo, uma decepção. Fique registrado meu repudio por pessoas falsas, sem moral, e pseudo boas samaritanas. Nada desejo a essas pessoas, nem de bom, nem de ruim. Apenas desejo distância, e não me venham com explicações, canso-me só de pensar em ouvir...

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Carne transverte em Lúcifers

homem em pé
anjo falido

corpo ri sem graça
alma gira em desgraça

áurea respira caça
ânima suspira escassa

domingo, 25 de janeiro de 2009

Precipício



Suicido-me.



E peço desculpas se não o fizer direito.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Brasa Brasileira







O pé descalso
Soa no compasso cotidiano,
ilustra o descompasso costumeiro.

Equilíbrio (í)lógico,
Do que come e vomita,
Hidratra e seca,

Engole e cospe,
Rumina e regugita,
Fere ou é ferido.

As mãos secas e ásperas,
Seguem o repetido eco,
Tateiam a ilusão de um futuro incerto e inóspito.

Páginas da comtemporaneidade,
Afastadas da modernidade,
Marginalizadas do capítulo principal.

Olhos seguem mudos,
De Ouvir atrofiado,
Despido e enganado.

Aonde soa, Filosofia Contemporânea?
Era informacional a pender tanta informação...
A alijar a toda formação...

E soa familiar,
Páginas de jornal velho,
Canibalismo pós-moderno.

Em contradição colonial, o interior é marginal:
E as Brasas do meu Brasil,
Ainda Braseiam mil...

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH

Preciso gritar,
Desvirginar essas cordas vocais da castidade das boas maneiras
Abrir a boca até deslocar o maxilar
Cansei dessas etiquetas
Desses talheres, anáguas e vocabulário selecionado
Cansei de falar baixo, de sentar de pernas fechadas e de só fumar meio cigarro
Damas não chingam,
Não se alteram,
Não aparecem de camiseta e rabo de cavalo,
Não bebem
Não comem muito,
Não sorriem demais,
Pouco respiram
Essas flores de estufa que enfeitam as reuniões sociais
Entao FODAM-SE as damas
Forniquem com sua própria agonia
Corram de calcinha por aí
Abram seus espartilhos inflem seus pulmões e gritem
Toda dor
Toda paixão
Toda tristeza
Toda cólera
Toda frustração
E gritem mais no orgasmo sórdido da ruptura das boas maneiras





Agora eu preciso fumar um cigarro
Inteiro

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Es pe ra

Basta-me essa espera. Essa coisa agoniante que me sufoca. Acendo um cigarro no outro, que loucura é essa? Hei de gastar todos meus trocados em maços amassados pelo tempo. Tirar a roupa, tirar o corpo fora e sentir a chuva escorrer pelo corpo. Evitar os pensamentos da espera. Arranco fora meu coração que sofre e se aperta a cada segundo pela aproximação ainda distante. Ainda nua vou à beira da estrada, pedir carona para lugar nenhum. Pedir ajuda. Ou mendigar um passaporte só de ida a um universo inteiramente novo, mágico, modificado, mudado, mutado e incorreto. Chega de seguir à risca o que nos é pedido. Extravasemo-nos de drogas, sexo e paixão. Alguma hora eu vou aprender e vou deixar de esperar, de te esperar...

Olhos

Mira-me com aquela expressão interrogativa como se em um instante fizesse tantas conjecturas fossem possíveis a respeito do meu caráter e em um sutil franzir de sobrancelhas, uma breve contração muscular estupra toda aspereza da minha imponência até então invicta.
Os olhos cinzentos me sugam para o bueiro escuro da tua pupila, sujo, sujo de todos os pensamentos defecados pela escória, rota subterrânea que exala podridão do vômito dos boêmios entorpecidos pelo alcool e pelo gozo de suas orgias intermináveis.
Olheias denunciam todas idéias e insurreições censuradas, tramadas clandestinas das madrugadas de lua cheia e branca tal qual a nádega de uma vadia deitada ao lado de um anônimo numa espelunca soltando argolas de fumaça após a foda indigente.
Escalo a tua esclerótica avermelhada pelo torpor sinestésica de uma droga qualquer, rastejando no chão lamacento da tua íris e arranhando as paredes cobertas de limo e lodo viscoso ensopando meus sapatos me torno rota e suja com a maravilhosa putrefação do submundo animalesco profanando as auréolas douradas da civilidade.
Pisquei e emergi, e tudo seria diferente se nunca tivesse mirado aqueles olhos.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Fluir de coisa alguma

Tiro calmamente meu relógio, e deixo-o de lado. Não tenho pressa, não tenho hora. Ajusto rapidamente a cadeira em um ângulo confortável, e mantenho a luz apagada. No escuro meu verdadeiro eu aflora, e as palavras saem de mim como num lindo rodopiar de folhas levadas pela brisa do outono. As folhas, são apenas folhas, e não as perco. Perco as páginas, as palavras e as dúvidas. As dúvidas já não fazem parte de mim. Sou agora o que chamam de esperança. Ou apenas de espera. Assisto tranquila o entardecer, e espero cada novo entardecer. Porque os amanheceres já não preciso esperar. Eles simplesmente vêm. Sem nem mesmo perguntar se a ressaca me invade, e vão-se sem nem esperar meu último comentário de ressalve. Recolho-me então à minha singularidade, onde o plural nós não tem espaço. E o leve suspiro de vida que ainda teima em invadir meus pulmões faz-se suficiente para eu retomar o fôlego e seguir em frente... Vivendo...

Caixas





Sigo nesse Caos mundano,
Persisto na estaticidade do leito humano.

Então livre-me dessa movimentação desordenada
Que me fartei dessas falsas multidões,
Coletivas solidões,
E seletivas paixões.

Cansei-me do falatório aleatório,
E do marchar organizado,
E do devoto contraditório.

A mim bastam essas luzes.
Vou fechar as cortinas da espetacularização,
Embriagar-me nas coxias dos sonhos
E assim fatigar-me tão e somente
no emanar onírico.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Dança Contemporânea





Passa dia, conta mês
Passa hora, conta o passo...

Acorda e olha pro céu chuvoso,
escova os dentes, lê a tragédia matutina.
Olha ao relógio, está atrasado, apressado, acossado e sonolento.
Os ponteiros ultrapassam, é corrida selvagem, é Cruzada pós-moderna.

Terno para passar, café frio para beber, pão velho para comer.
Os ponteiros adquirem uma dimensão surreal, vencem e correm e batem, batem.

Agora é fila no metrô,
Espera no ponto de ônibus. Espera no ônibus. Espera no ônibus.
O Trânsito e os ponteiros...
Mais passos e mais passageiros...

O dólar subiu, as ações caíram,
a América tá em crise e a Guerra continua.
- Isso é Capitalismo, é Canibalismo.
Mas, ora, quanta besteira, quanta baboseira,
modernos são os tempos em que posso pagar meu restaurante no cartão.

E cala-se com o feijão, engole a salada,
olha para a mulher, não olha para si.
Mal mastiga a carne, engole arroz, mal deglute o purê.
Já é tarde para espelhos que se quebraram.

Volta e é rotina que engole cotidiano,
É hora que cospe passo,
É dinheiro que vomita sentimento.

O horário é de rush,
Fila grande e descompasso maior.
Cansaço toma o corpo e adormece entre uma estação e outra.

Liga o microondas,
Nem mastiga, só engole.
Nem suspira, só engole.
Nem pergunta, só engole.

Já não resta mais medo, não resta mais pesadelo,
o noticiário foi desligado.
E qualquer anseio momentâneo afogado no travesseiro de noites insones.


Passou hora.. ponteiros.
Passou dia.. rotina.
Passou mês.. calendário.


Passa vida... e quê?

domingo, 11 de janeiro de 2009

Ê, Cidade










Ê, Cidade. Disparidades seculares amontoadas em janelas de frequências distintas. Antagonismo urbano explorado e invasivo, é descompasso subjetivo, estampado e vendido em série, em massa. Tuas encruzilhadas apontam caminhos distintos, de mesma direção e diferentes sentidos. A luz que iluminaria ofusca e engana olhares inferiorizados como condição circustancial. Fotografia primordial, vaga que se retira da personalidade, a traçar caminhos atitudinais conformes. Ê, Cidade. Sinto saudade, sinto carência, escolhi o avesso, recebi a dor. Senti calor, sinto frio, tua brasa já não me queima, nem teu calor me esquenta. E assim com teu manancial a mim secou, teu céu estrelado apagou. Tuas multidões já são vazias, teus espelhos, quebrados, tua palavra, pouca, e tua poesia tornou-se rouca. Tuas cores transvertiram em fardas, tuas ruas em passarela, tua esperança perdida em sonhos envelhecidos. Ê, Cidade. Berço e terreno da Desigualdade, desarmonia verdadeira, calor fulgaz, escuridão derradeira. Que falta me faz teu aconchego! Ah, disparidades! Ainda há identidades? Essa luz a espalhar o terror, espanta meu medo, ao oscilar presente, afugenta mil a atrair outros tantos. Ê, Cidade. Concretização do paradoxal, do antagônico, o que esguestes, em que coluna se apoiara? Febre urbana em rede, febre urbana em rede... apaziguada em Hundertwasser, inflamada por outros tantos nessa multidão boiada, caminhando a esmo...

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Cidade dos sonhos




Eu pego esses livros e ateio fogo!
AH, ESTOU FARTA!

Já não bastava a inevitável correria do dia-a-dia?
Por que haveriam de nos colocar inúmeras barreiras?

Querem mesmo dificultar.
Querem mesmo acabar comigo.
Com meu ânimo, minha moral.

Chega a ser um falatório desornado, uma leitura arrastada, um pão duro pra comer.

Resta-me a fome de quem busca e não acha. De quem olha e não enxerga.
DE QUEM QUER E NÃO CONSEGUE.

Dê-me logo este isquero. Vou incendiar toda essa dor terrena.
Vou deixar o pó aos que ainda querem. Aos que ainda respiram. Aos que ainda vivem.

EU JÁ NÃO VIVO. E fico só. Olho pela janela e me pergunto:
- Quantos prédios ainda cabem no céu da minha janela?

Quantas pessoas vão querer se espremer numa cidade que
pulsa carro,
pulsa avenidas,
pulsa bebida,
pulsa noite,
pulsa drogas,

corta os pulsos?