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domingo, 30 de novembro de 2008

Café e Jornais.


São amarras realistas, política no andar, política vestir, no “bom dia”, na louça...

É um regredir. É um novo dia de todo esquecimento. Um cárcere e a fome. Fome da noite, fome de vida, fome das pessoas. Indigestão de existências. E ainda são as mesmas ruas, as mesmas caricaturas, os mesmos paradigmas. Um olhar dogmático, de aprovação, reprovação. Um senso. Lágrimas na maternidade. Passeatas nas ruas. Seqüestro relâmpago de um trabalhador. Assaltos no transito. Um banco quebrou. Exército no Haiti.

Qualquer razão ofuscada num cartão de crédito.Um café com uma mulher rejeitada.Um sonhador falido. Uma criança que chora. São os desejos, vontades ordenadoras de um futuro cartesiano. Fatigado, desgastado.

Um caos de regras comportamentais, etiquetas, famintos, analfabetos, oco, opaco. Um homem apaga um cigarro em seu gabinete. São 23:00 horas em Londres. A sujeira das ações, a poluição dos pensamentos. É a sujeira das marcas, no rosto das pessoas. Da competição, dos sorrisos. Cinismo, puristas, tipos e outros amorfos.

Cansaço no metrô. Um trânsito e um corpo estendido no chão. Um outdoor que convida a viagem. Corre-corre nas ruas. É o pânico das manchetes sensacionalistas. Sufoco e terrorismo cotidiano. E vende mais. Os cristãos, invasores, doutrinários e outros estupros. De persuasão e sangue quente e selvagem de velhas referências .

Um adolescente drogado, entregue ao bueiro da rua. Um homem que sai de casa para uma entrevista de emprego. Uma loucura, canibalismos nas esquinas. Individualismo classista. É a guerra. Um ácido. Doses analgésicas na praia. E os olhares que passam nos ônibus. A clausura de cada copo na noite. Um escândalo exausto em si. Numa parada cardíaca que foge das fábricas e procura a neblina de qualquer prazer ilícito.

Um homem se explode. Agora são 2:00 horas no Japão.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Ela


Fácil demais para ser verdade.
Difícil demais para ser mentira.

Ela vem assim, desajeitada,
Olhando para todos os lados da rua.
Pra ver se encontra-se em qualquer outro rosto.
Qualquer outro rosto acinzentado que anda pela rua.
São olhares vazios, que não a encaram, não a penetram,
Não a aquecem, não a confortam.
Eles são simplesmente olhares...
Inúteis, fúteis.
Indignos de qualquer razão.
E são sem sentido...

Sentido
Sensação

Ela é a personificação das sensações.
Ela grita.
Por amar, por odiar, por sentir dor.
Por querer um abraço, por querer um mundo inteiro todo pra ela
Da forma mais egoísta que pode ser,
mais dominadora,
mais real.
Ela é assim...
Um pouco real.

Mas é sua parte sonhadora que olha para todos os lados da rua.
Olha para cada um e quer saber cada história.
Cada vida que não é a sua vida mas que se completa num círculo perfeito.
Que não interfere na perfeição de seu próprio círculo.
Mas que o tangencia  e logo em seguida está no outro lado do mundo...

Como pode alguém ser tão presente em sua vida,
E de repente pegar um avião e ir, ir, ir?
Ir, voltar, e ir de novo.
Como se não tivesse bastado da primeira vez.
Como se fosse insuficiente as coisas que tem aqui.
Como se as pessoas fossem insuficientes.
Mas infelizmente elas realmente são.
Não todas.
Não nós.

Nós.
Nós.
Nós na garganta.
E tranca.

Trancafia sua alma na garganta antes de conseguir de falar...
Antes de conseguir falar toda a verdade.
Mas qual é a verdade? QUAL É A VERDADE?
Q U A L É A V E R D A D E?
Já nem sabe se quer saber...

Tem em si todas as dores do mundo.
Só para poder esquecer suas próprias dores.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Solo Consolo




Não queria fazer arte
Só daquilo que li
Não queria fazer parte
Só disso que vi.

Queria é fazer versos
Do que apenas senti
Queria é que os per versos
Omitidos não fossem aqui.

Queria ao menos poder pensar
Sem a ânsia do rimar
Poder apenas contemplar
Sem pensar no amar.

Ah! Que bom seria
Ao derramar versos
Livrar também
Meu pranto.

Mas
No lugar disto
Faz-se tão bem
Apenas mais um manto.

E preso continuo

A meu delimitado
canto.


segunda-feira, 17 de novembro de 2008


É s T É R i l
que nada! RiO .

Falatório

É sempre a mesma coisa...
Mesmo medo.

Mesmo barulho que me agonia,
que me tira a segurança,
que me faz implorar para a chave vir logo a mão
e eu conseguir abrir a porta.

É uma prisão perpétua dentro de mim mesma.
Mas eu abro as portas, e vou encarando cada dia,
cada passo,
cada olhar,
cada palavra,
cada sorriso.

Como se tudo fosse incrível.
Como se tudo fosse possível.

Como se não fosse difícil demais de aguentar isso...

Como se todo mundo achasse ridiculamente fácil.
Como se todo mundo soubesse o que é certo ou errado.

Como se as partes por aí espalhadas do meu ser
pudessem ser recolhidas por um único outro ser,
que se diz tão importante,
quando eu sou apenas uma amante.

sábado, 15 de novembro de 2008

Capítulo II


Se eu puder me perder nesses tons e em açúcar e temperos.
E Cristo não tem nada a ver com isso.
É o lado negro de quem dança nu.

Me deixa reviver a loucura dos meus antepassados.
Me deixa sentir o fervor do ontem e do hoje para criar o momento.
Me deixa eloquente,
Indolente,
Sórdido

É todo o meu ser que quer falar
tomar-me
Sonhar, inovar toda a minha
vida.
Deixa o alcool dissolver tudo o que me prende,
Volátil, sublima, condensa minhas idéias, meu âmago
Sem amarras, vou sentir o chão passar sobre mim e eu o atravesso num niilismo ilógico
do meu inconsciente
Que explode
Violentamente, num curto-circuito psicológico
Que aquece as entranhas num gozo
Hemorrágico
Eu posso além do sentir, posso ver entre tons.
Estão em mim e transparecem no meu rosto, iluminam meus pés, e comigo caminham
Num estado Floyd
E por tantas vezes solitário
Por tantas vezes só meu.

É compartilhado amado e desprezado
Numa fusão de emoções e sentimentos e sensações
Porém...
Tudo passa pela manhã
Sem orvalho e a luz faz toda nostalgia fugir por debaixo do travesseiro

Imenso labirinto o som condensa
rasga minha pele,
Cria unhas e dedos e arranha e queima meu corpo
Sob o silêncio corrompe neste gradual som tinto
me desce a garganta
Me alimenta por dentro.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Felicidade triste, felicidade contida, infelicidade



Eles se escondem por debaixo dessa pele
Se escondem por debaixo dessa pele.
Por isso que eu gosto de osso.

Osso!
Que sustenta, que é rude, grosseiro.
Ossada imponente, impotente, impotente.

Ah...
Somos ossos, restos, caveiras, mortos, podres,
largados, estilhaçados, enterrados, quebradiços,
mas não tão frágeis quanto parecemos.

Somos estruturas milimetricamente encaixadas,
mas recheadas de tanto pudor quanto é possível caber.

Pudor, e dor, dor, dor.
DÓI!
E machuca, e fere, e sangra, e goteja,
é sangue, é osso, é dor, é olho.

É olho. Que vê, mas é míope.
É míope mas quer, ainda assim,
os ossos que caem
e apodrecem em baixo da terra,
em covas,
em túmulos,
em santuários.

São eternos, são otários,
Estão a sete palmos da onde eu piso.

Inferior, interior. Tudo dentro, tudo fora.
A parte que não coube em mim, e agora chora.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

com pressão larga




Eu adoro meu carro. Ele é tudo para mim. A gente anda por aí, juntos, eu e ele somente. Nosso clima é ameno, tem ar condicionado. Nosso aroma é agradável, tem cheiro de carro novo. Eu o mando ao lava-rápido toda semana, ele sempre está cheiroso. Tem DVD, tem vidro e câmbio automático, e tem GPS também, super útil nesses dias de hoje. Vidro filmado de escuro tem que ter, né? Você sabe como é. Há dias meu vidro se quebrou. Quebrou-se em mil. Alguma pedra veio não sei de onde, não sei porque, deve ter sido um desses marginaizinhos que andam por aí a vadiar, quebrando vidros de carro por hobbie.


E agora a luz mudou, agora o jeito mudou, as cores, agora aquele branco me fatigou, fatiou, aquele lá, entrou em mim, me atravessou, vulto elétrico trêmulo e oscilante, em escuridão acendeu, dilatou, expandiu, contraiu e relaxou, transpirou. Finalmente respirou. Agora respiro outro ar. Desde que me quebraram o vidro, o ar se tornou denso. Não há mais proteção, não há mais detenção, exposto estou. Minha fôrma se rompeu, hei de espalhar, escorrer por aí, pulverizar, nascer, atiçar, aguçar, fazer, gritar, uivar, fazer caminhos, trilhas (d)e trilhos. Agora posso sair, sou livre, quebraram meus vidros, malditos marginais, como ainda não tinha provado esse cheiro, esse gosto, esse pó macioso asperizando em minha face, em minha alma, em minha carne, como? Como é desesperador. Como toma conta, invade, grita, cresce, aponta caminhos, bifurcações, atalhos, sinais, símbolos, coxias e cortinas, e asflato quente queimando os pés.


Eu ando tanto
de pés descalços
que quando piso
em asflato quente
já nem sinto mais
aquela ardência anterior.

Criou-se casca, cápsula.

Cegou-lhe a vista.
Taparam-lhe os ouvidos.
Sedou-lhe a boca a fita metalizada.
Prenderam-lhe os polegares com mesma fita.
Já não arde mais.


terça-feira, 11 de novembro de 2008

Caminho


Procura, sorri, fala, convida, agrada, troca, acompanha, beija, amassa, transa, treme, geme, boceja, dorme. Rejeita, esquece, corta. Caminha. Cospe, engole, sua, chora, escreve, cresce, questiona, inova, cria, sente, aquece, alegra. Mira, escuta, compreende, comunica, escolhe, expressa, constrói. Perde, insulta, destrói, quebra, queima, remove, pergunta. Afaga, esfria. Caminha. Explode, sangra, esconde, pulsa, confia, lembra, transmite, pensa, raciocina, indaga. Supõe, rotula, sonha, aspira, deseja, consome, abre, corre, corre, corre. Manipula, liberta, atua, percorre, senta, acomoda, contraria. Mija, ejacula,espirra, tosse, adoece. Mede, calcula, atira, mata, disputa, segrega, limita. Condena, entrelaça, entrega, admira, mente. Articula, agita, poetisa, cansa. Inventa, culpa, pinta, brinca, castiga, bate, gargalha, silencia. Adora, transpira, vomita, defeca, apela. Caminha. Complica, levanta, briga, acaricia, salva, abraça. Supera, bebe, pega, pisa, encosta, move, busca. Confirma, contorce, espera. Gosta, alimenta, ama, pontua, suspira, canta, busca. Caminha e morre. Cala e fede.

Palavra Indireta

Atiro-me, e assim, me esmago.
Num retrocesso casual, não é o fim.
É palavra indireta. Poesia lambida.

Um salto, sobre si mesmo.
De quem engana o ego, pra fugir com o inconsciente.
VOZ, murmúrio gradativo, até tomar os corpos.
V i b r a n t e s.

Sem nenhuma verdade, sem nenhum compromisso.
Um passo e está
abaixo
do
SOM.
E se não pode ouvir?
Todas as questões indolentes, adormecem.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Domingo

Sem por que nem para que, primitivo, sensorial instintivo, deixa eu me traduzir numa enxurrada de sinestesia e hormônios, sinapse, impulso elétrico, pára de querer racionalizar isso, pára de querer fugir de ser bicho, deixa eu girar girar até a visão turvar como fazia antes, deixa eu comer morango com chocolate até enjoar, deixa eu me embriagar em tudo isso pq é só o que importa é a perda do raciocínio e o prazer, pq n importa o que te entorpece, a ressaca sempre vem, eu n quero explicar eu não quero medir, me deixa louca na minha inconsequência, me deixa sentir, deixa eu me balançar nesse ritmo, deixa os pensamentos enrolarem tua língua e me dá teu beijo com gosto de saudade , pode chamar de infundado, de inconsequente, irracional, infantil, mas faz cócegas, me faz rir e chorar e sentir, e arrepiar arder e suar... gosto muito...

Boemia

Plantava maconha com fins medicinais quando conheci a Boemia. Ela se apresentou já de maneira vulgar, me oferecendo um pouco de bebida de cevada. No calor daquela tarde, o estalar labial da espuma de cevada aflorou meu ânimo. Tirei a blusa. Tirei o corpo fora do trabalho. E fui viver. Ela era alta, magra, loira, ativa, sensual, bem apessoada. E me seduziu. Me arrastou paras as mesas espelhadas da cerveja que escorre por descuido e molha os cigarros, os isqueiros, as contas. Me fez acender cigarros e tragar todas as impurezas, para que enfim me libertasse das verdadeiras impurezas que estavam encrostadas no meu âmago. Eram agourentas. Dei um sorriso amarelo e me viciei. V Í C I O. Minha namorada, Boemia não te largo mais.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

frequência


Me inspirei,
despi, servi, vendi, rendi..
comprei.

Paguei caro.
E sabe o que tem?

É cheiros.
gostosos,
gosmosos, plastosos,
gozados.

Esse cheiro não me sai.
Engoli para poder vomita-lo, cheiro fresco.
Cheiro molhado fruto de atos reificados,
verdadeiros hipócritas devotos do prazer
e dor conseguinte,
expreminte.

Icterícia antes fosse
Pelo menos teria cor.
Amarela.

“Amarelo das doenças, das remelas, dos olhos dos meninos, das feridas purulentas, dos escarros, das verminoses, das hepatites, das diarréias, dos dentes apodrecidos... Tempo interior amarelo. Velho, desbotado, doente."

Antes fosse doença certeira.
Morrera depois de febre perturbada,
causa de lírios e suores e urros
tapas.

Rocei até avermelhar para ver se saia o último gole que ainda se não esvaia
E não.
Enfiei até o final para ver se saía,
E saiu tudo, saiu a Bile, só não saiu o cheiro.
Mentira.

O cheiro fica, persegue,
morte em vida que zumbi na orelha
língua fina e pegajosa que se emaranha e amontoa vulgarmente.

É mais que nojo.
Dá ojerizas.
Faltam-lhe os calafrios.

entrei para poder ver sair,
soa dubiamente ridículo. E agora?
A única volta vejo essas seqüelas e marcas e cheiros que aqui habitam.
Voltas curvas, tensas, tesas, marcha sem letra.
Pobre.
Desidratada.

Saiam de mim, se esmiúcem por aí,
fodam-se.

Fodam-se.
Merda. É sempre volta ao Congresso.

Mas olhe!

Como é bom!
Sobrou-me um picolé e alguns chicles de bola.


_________________________________________


Oi, sou novata.

Prazer,

luiza.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Capítulo I




Balcões paredes e mesas me chamam, latejam as ânsias primiticas do meu ser sórdido, é o instinto que me põe de joelhos, pulmões resfoleantes, atrito contato pele e suor, e pulsa, pulsa no gozo animalesco irracional do grito emudecido.
A violência dos botões de camisa arrancados e livros no chão, sapatos jogados no canto da sala e taça de vinho abandonada à meia-luz, palavras embriagadas em blues.
Um corpo transborda seus limites, invade outro espaço, aquece e funde num puxão de cabelos, impropérios promíscuos gritados em uivos de êxtase libertino.
Movimentos libidinosos consomem a racionalidade metálica e libertam o orgânico intrínseco urrante de prazer.
O estado natural e febril que expõe o âmago profano no ato selvagem.
O toque corrói a película e escorre o biológico quer possuir o corpo que percorre, quer derretê-lo, inundá-lo e inebriá-lo.
Os olhos vidrados vibrantes reviram-se nas órbitas, as cortas arqueiam os músculos contraem e da boca entreaberta escapa o gemido delirante.
Pés entrelaçados ao amanhecer. Corpos despidos da vergonha cobertos pelos lençóis amassados. Molhados. Fartos. Sedentos por mais.

Entre escombros


Se você me convidar, eu prometo que vou. Eu vou sentar com você, falarei qualquer bobagem pra te distrair. Antes que você perceba, eu te pego num salto, numa vírgula. E assim, eu vou bebendo das suas loucuras engasgadas. Vendo se desfazer em discursos analíticos e olhares furtivos. Vou corroendo suas verdades, expondo a sua nudez. Invado o que omite, te vejo contorcer, adequar-se. Num piscar eu arranco a sua máscara, toma mais um gole, e você está ofegante. Quer fluir, chorar, tomar-me. Quer falar como uma criança, nunca esteve tão só. Estigmatizou sensações, racionalizando. As impressões te machucaram, o amor secou. Descobriu que tende ao tédio dos previsíveis. Fechou as janelas, calou-se. Achou seus delírios num corpo, escondeu-se. Encarcerou-se em escombros, palavras metódicas, embalagens, tradições? Um Eu “nasceu”, gozou. Teve uma breve visão liberdade, tomada numa aventura. Fui eu que te roubei a solidão. Nunca bebeu deste prazer, nunca provou da metonímia. Fartou-se! Se me infiltro no teu eu-avesso é porque me enlouquece. Amanheceu e não estava lá.

domingo, 2 de novembro de 2008

Anima Sola


Ali, aguardando para ser apontada julgada e condenada purgando em dúvida seus pecados ardendo mas nunca consumida, a alma solitária, mesmo em meio a multidão, vaga pela cidade que pulsa caoticamente em cada um de seus pavimentos cinzentos, vagueia com suas botas de solas esburacadas de tanto seguir rumo a lugar nenhum, passa pela juventude que entoa seus hinos monotônicos da geração dessa semana, com seus cabelos iguais e celulares de última geração. Vagueia e vê as pessoas que passam e a abandonam e se abandonam aos poucos em parcelas do seu cartão de crédito de limite estourado pelos vestidos de festa, da festa que acabou com a cinderella de ideais estuprados maquiagem borrada e pés doloridos em sapatos que não eram de cristal, deixam cacos para trás para se tornar um, para caber na forma, espremem-se torcem-se para entrar no molde de metal para não lidar com os cacos de si, cacos que cortam e deixam escapar o sangue rubro , talvez não sangrem, afinal sangrar é tão demodê. Passam apressados e apáticos à brisa com cheiro de mar a beija no rosto e bagunça os cabelos, não sentem não vêem são partículas que dão à cidade maquinal e cinza a impressão de pulsar mas não pulsam mais, os velhos não têm mais olhos sábios, os jovens não tem os rostos rosados e cabelo desfeito pelo deliberado desleixo os adultos não são mais heróis e talvez nem às crianças seja permitida a inocência. Tudo pulsa mas nenhum coração bate, eh um pistão metálico que impulsiona pra frente, e quem tem tempo para pulsar? E no desespero desse mundo monocromático grita alto até a garganta sangrar e os pulmões estourarem violenta também o paraíso sensorial do seu ego sem aguentar a solidão que lá havia, talvez o som do grito da dor irrompesse as barreiras do mundo bom que só ela conhecia. A julgam como louca, pecadora profana, sem saber que cometem todos os dias o crime de tentar ser normal.