CLICK HERE FOR BLOGGER TEMPLATES AND MYSPACE LAYOUTS »

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Pessoa


“... Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado...

...Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Fernando Pessoa --- Poema em linha reta



Eu nasci pessoa
Nasci de gozo
Nasci bicho até os primeiros passos, dores, falas, cantos
Nasci da subjetividade, de tombos, barrancos, vertigens e uivos

Fui esculpida pelo tempo, pelas minhas impressões
Me acomodei a linguagem, as roupas, as ruas
Mas já conheço os símbolos, as representações

Não sou a Puta
Não sou a Louca
Não sou a Lésbica
Não sou a Dona de Casa
Não sou a Menina

Não nasci Clichê
Não nasci Estigma
Não nasci Tipo
Nasci pessoa

Pessoa de experimento e limite
Do sentido que criei, de ruptura
dos rótulos, dos mecanismos
Do conhecimento da lógica
Da falência dos discursos

Nasci do encanto da amizade e amor
Que encobrem a brutalidade e joguetes

Eu não sou o tipo dos livros,
Dos contos de fadas, dos arquétipos, das fábulas, das piadas
E outros calculáveis

Nasci com o dedo apontado na cara,
Até a primeira mordida.
Da expressão quente no rosto
E liberdade e vontade de Ser
Conforme se pensa e repensa

Entre o erro e acerto
É uma construção
Uma pessoa

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Avesso


Amigos vislumbrem!
Oavessoéadimensionalpuroorgânicodecorrent
eelétricaimpulsiva
amorfadecertezasétodopuroevermelhointenso
comraízesprofundasema
ranhadascomnaturezafielaoinstinto

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Presépio


Este interminável Dezembro, longo e escuro, ainda que Verão
Meu Dezembro chove, nubla, congela e desbota
Desbota a decoração natalina pendurada nas lojas desde Outubro
Azevinhos incitam o beijo
Placebo para o afeto tetraplégico


Pout-porri de embriaguez, bolas coloridas
Luzes!
Guirlandas, Prozac e embrulhos embaixo do pinheiro de plástico

É meia noite hora da ceia
A família em torno de peru e castanhas
Abraçam-se todos, como que ignorando os tapas e impropérios trocados durante o ano,
Desejam-se polidamente [cínicos] felicidade
Rezemos: Obrigada pelo pão e vamos comer!
Todos sentados à mesma mesa, intrincheirados por egocentrismo e estranhamento
A mãe de olhos cansados pela exaustão na cozinha
Filhos apáticos às tradições,
O pai destrincha o peru
Corta o pedaço de carne usurpador da metade do seu 13º salário
As crianças resmungam pra comer, já se entupiram de panetone

Abram os presentes!
Aaah! Mas eu queria um Playstation 3!
[Choro estridente e mimado]
Convidados constrangidos,
Situação embaraçosa
E pais decepcionados pela perda da última conexão que o poder de compra fazia com sua prole


Mas ainda é Natal!


E vamos desfarçar muito bem a falta de intimidade
Puxe assunto sobre o tempo,
Fale mal da política,
Conte piadas,
Beba mais vinho,
Encha mais uma taça pra sobreviver à essa noite
Aí! Dê mais uma gargalhada histérica e fale alto pra descontrair

Olhe como todos se divertem!
E sentam e levantam e elogiam a cozinheira numa coreografia que faz inveja ao Lago dos Cisnes
E riem da piada velha do tio gordo e solteiro
Enchem a boca de hipócrita risada oleosa
Gordura que escorre entre os labios frouxos e mancha o tapete
Novo, pago a prestação, coordenado com as cortinas


Ah a união familiar!

Noite feliz!

E riem mais, e comem a sobremesa e cansam, um café um licor?

E vão

E fica a louça para lavar, retalhos de papel de presente coalhando o chão

O banheiro vomitado e a dor da cabeça cansada, engolida pelo travesseiro


quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Civilização


Ah! Civilização!
Tantos anos de história que negou.
Tantos ícones e ditadores
Como se permite esquecer?

Sedaram –te com ignorância
Com esquecimento e ignorância
E é reproduzida nas escolas, nos bares ,
Nas igrejas, famílias.

Que quer do teu futuro?
Consumir seu próprio meio?

Morre de fome de minério!
Morrem queimadas suas raízes!
Por que tem sede de petróleo.
As industrias, não respiram
E de cana se alimentam.
Nos sustentáculos da exploração,
Evolui!

O teu remédio é mercúrio
Pra coração de ouro.
Faz reluzir as ambições humanas.

Consome as riquezas da terra
Nômades são as industrias trans-nacionais
O velho canibalismo do capital
O desejo dos homens, sobrepõe a razão !

Morrem de fome também seus filhos.
Fome de pão. Fome de sua liberdade.
Fome de educação.
Morrem afogados no tic-tac dos relógios.
Morrem no funcionalismo, em suas tradições,
Morre a capacidade criadora na humanidade

Ah ! Civilização !
Que compõe todos os moldes, comporta seus equívocos
E os mantém sobre sua lógica cínico-pacífica,
os estereótipos regulamentados.

Com outros tipos avessos, em busca pela felicidade.
Até o relógio despertar e venha à mente
Seu desprezível salário e angústias de final do mês
Relembrando do tempo que tem que dispor
pra garantir a sua sobrevivência.
Enquanto se esmaga emocionalmente,
o sentido de Realização.

Ah! Civilização !

Esmagou a capacidade inventiva humana
O condicionamento gerado pelo tempo
Tempo que despencam as ações.
Tempo que é moeda e hora extra.
Tempo de sua falência ética
Das grandes industrias da cultura e do sexo
Tempo que se faz história !

História descartável
De solidões descartáveis e capital !
O quanto vale?

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Grito




Foi um grito!
Destes de ensurdecer.
Já não me ouço, me abstraio!

Liberta não sou corpo
Sou molécula
Energia vaga

Divaga uma lágrima
De óleo sobre tela
Eterna no finito.

Em cada existência.

domingo, 14 de dezembro de 2008

porn

Deixe-me despir meus pensamentos,
descobrí-los de toda máscara que a convivência social os impõe.

Deixe-me assumí-la, oh idéia obsena,
Rasgar-te-ei as roupas, rompendo cada um dos botões,
Descosturarei-lhe a educação
Afrouxar-lhe-ei a polidez
Desamar-lhe-ei a etiqueta

A partir daqui deixe os intintos nos guiar,
Confrontar-te-ei, psiquê animalesca,
Mas agora nua, não me parece tão feia,
Prostituta usada em intorpecência e carência,
Torná-la-ei minha esposa, Amante Ilegal

Sua essência grotesca tem belos contornos,
Silhuetas de sombra
Bloqueiam a luz da civilidade
As formas fluem ainda que toscas
Intrínsicas em mim,

Tentei prendê-las
Parecer mais ajustável ao meio
Talvez se eu esconder um pouco
Gostar-se-ia mais de mim?
Seria eu mais amada?

Mas não mais,
Agora gritarei a plenos pulmões
cada sensação
Ainda que absurda
Nascida de mim

Ensandecida em sinestesia e primitivismo
Uivarei,
Gritarei,
Gemerei [por quê não?]
Promiscuidades,
Impropérios,
Heresias

E cada um dos sons guturais
Pelos quais meus hormônios clamarem
E cada linha de culpa cravada na minha expressão se apagará

Me agarro ao instinto quase criminoso
Estupro convenções
Despedaço comodismos
E agora só agora
Essa coisa inominável,
Puro carbono e hidrogênio,
Meu alicerce pra evolução
Permite-me caminhar além da ortografia e da gramática,
Leia-me, o livro aberto de rituais pagãos,
O manual herético
Eu quero pura semântica biológica,
E foda-se o arcaidismo da mesóclise,
E foda-se seu esteriótipo,
E foda-se o meu medo de não aprovarem minha produção,
E foda-se a forma na qual eu não caibo,
E foda-se sua censura inquisidora,
E foda-se seu julgamento covarde,
E foda-se o meu medo de tudo... e o seu e o dele também,
E fodam-se eu e você
Talvez dessa sinapse gametófita
Eu o infecte com minha loucura dadaísta
E faça tantos loucos
Tontos
Inconsequentes
e Roucos

sábado, 13 de dezembro de 2008

O REI ESTÁ NU


- Eu desperto porque tudo cala frente ao fato de que o rei é mais bonito nu.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Lembranças


Reviro-me ao lembrar,
Pasmo-me ao acreditar,
Anseio renunciar.

Esforço a esquecer,
Antigo padecer,
Grande ditador.

Estático sigo,
Olhos vendados,
Pura paisagem.

Situação ignorada,
Memória socada,
Prozac da Dor.

Escuridão por opção:
Sorriso estancado,
Débito estampado.

Lembranças são fragmentos paradoxais.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

O cuspe de mim

Você já parou se ouvir? Já parou pra ouvir aquela voz que ecoa dentro de você? Você já parou pra pensar que às vezes quando você fala o que você pensou não foi a mesma coisa? Você pensa muito mais do que você fala, mas o que você fala vem em fragmentos. As pausas que você faz pra falar são os fragmentos perdidos dentro de você. Os fragmentos que você na verdade tem medo de falar. Quantas coisas você pensa e não fala? Quantas coisas você deixa morrer na garganta? - E qual é o barulho que você escuta quando tenta se ouvir? Quais são as palavras que ficam batendo repetidas dentro de você? Dentro das paredes que você cria? Eu me trancafio dentro de mim com medo de me ouvir. Eu tapo meu ouvido dentro de mim. E tento tapar minha boca. Mas dentro da gente não tem boca. Tem o que você pensa, e o que você é de verdade. Você quer ver o que você é de verdade? Ou você vai se fingir de míope, se fingir de cego. Ou vai dizer: "Ahhh, eu tenho um visão turva, conturbada das coisas". LARGA DE MENTIRA. Assume o teu eu. Assume! E bate no peito. Tenha orgulho de ser quem você é. Tenha orgulho de repetir o seu nome completo. Tenha orgulho de gritar para o mundo a sua idade. Falar que você é jovem, falar que você é velho. Ou que você é apenas uma criança. - Quantos de nós não temos apenas sete anos dentro da gente? O coração que bate é sempre mais novo do que a gente sente. Os amigos de verdade continuam cabendo, e é quando o coração deixa de ser de criança. Porque no de criança cabe mais brinquedo. Cabe mais ilusão, menos briga, mais choro. Choro pingado, miado, que cabe num pires de café. Só não cabe numa colher porque uma colher de café não compra um brinquedo. Um pires pode ganhar uma bala. Uma xícara, aquele carrinho barato da esquina. - Quanto choro cabe dentro de nós? Quanta dor a gente produz em um, cinco, dez anos? Ou numa vida inteira? Toda a dor que você sentiu até hoje, você seria capaz de sentir em um dia só? É justamente por isso que os dias são longos e arrastados, espalhados por uma vida inteira. Porque se não a gente vivia um dia e era suficiente. Mas não, a gente vive uma vida inteira. Pra cada dia sofrer um pouco, sorrir um pouco, amar um pouco, chorar um pouco, e no final de tantos poucos ter feito uma vida inteira repleta de sensações. Sensações que cabem em um dicionário, mas não cabem de uma vez só dentro da gente.

AmaDureCer




Tenho sido

parecido palecido,
enrigecido endurecido,
estremecido amortecido,
torcido e retorcido

escorrido...






RASGADO.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Observações de uma tarde monocromática

Cidade cinza, pessoas pálidas, letreiros, cartazes e panfletos oferecem o colorido artificial, placebo dessa gente. Hordas de pessoas marcham pela Paulista, a barraca de flores destoa do cenário, assim como a avermelhada decoração natalina de azevinhos e guirlandas e brinquedos e duendes destoa tb do concreto denso como o prórpio ar que se respira, é puro asfalto.
Olhos vidrados e baixos dos que correm perseguindo os ponteiros do relógio atrás do tempo perdido, hamsters desenfreadamente correm para contiruar parados, mas do que passar uns pelos outros, se atravessam, invisíveis e impalpáveis, sublimaram o corpo para sons e rotinas e prazos.
E marcham legiões romanas organizadas desde o princípio da urbe, adestrados na disciplina da sobrevivência da selvageria canibal cosmopolita. O tempo [toc toc toc] da música a qual dançam os bailarinos [soldados?] blindados de óculos escuros e armardurados em ternos, dançam no ritmo da sinfonia urbana de explosões businas; celulares; máquinas rangem; moedas tilintam; relógios tic-tac e passos, passos apressados e rígidos, endurecidos soldados à massa de metal e amalgamados à todas engrenagens da maquinaria que soa, um instrumento novo que abafa as batidas dos pobres corações afogados em desespero.

Reflexões para Babel

(Segundo o que narra o primeiro livro da Bíblia, Gênesis, a humanidade teria se unido para construir uma torre que chegasse ao reino dos céus. Essa torre era Torre de Babel. Deus, porém, ao ver que os pobres mortais ansiavam chegar a Ele, planejou para confundir a linguagem humana e fez com que cada homem a trabalhar na construção da Torre falasse uma língua diferente. A dificuldade de comunicação acabou com o trabalho humano na Torre de Babel.)



Babel, hoje vejo tua nova dança.
ainda tentas teu velho anseio reprimido.
ainda tentas dedilhar àquilo a que foste privada.

queres ainda um pedaço daquilo a que foste tirada?
sê tu concretização pioneira de vaidade humana?
sê tu poesia concreta da primeira possível realização de união
de homens que falavam a mesma língua?

quiseres ser grande demais, Babel.
houve um deus que a isso não permitiu.
confundiu línguas, multiplicou linguagens,
atrofiou trabalho às tuas criaturas
para que não pudessem atingir ao reino dos céus
antes de seu dito juízo final.

porém, Babel, os tempos mudaram.
nessa dança contemporânea,
esse deus hoje troca seu filho com humanos.

ele jogou seu filho na Terra para pagar pecado humano.
hoje ele o troca aos homens por uma dita salvação.
por um espaço no reino dos céus.

Babel, se não foste tu
a derramar diferenças, a instaurar confusão
o que haveria, Babel?

discrepâncias linguísticas não impediram-te.
ainda soubes driblá-lo, ainda sabes, ainda sobes.
e multiplicou-te.

sobes vertical, mais alta do que nunca.
sobes em satélites, somes em aviões.
confunde hoje tu aos olhos de deus,
de um deus que não mais confunde aos olhos teus.

a que anseias ainda, Torre de Gênesis?
caladas não foste por um deus medroso!

deus temeu tua Ira.
deus temeu teu crescimento.
mas de Ira nutriu-te,
fê-la mel suculento a teu condicionamento.

e hoje cresces mais.
e hoje alcanças estrelas,
e hoje trocas informações com outras constelações.
permites aos sonhos voarem pela janela entreaberta
para aquele deus não ver que saiu.

hoje faz-se dura poesia concreta a cada esquina.
hoje, Babel, abrigas a tantos...
tantos ainda desesperados
a chegarem ao reino dos céus...

alguns destes também trocam seus filhos, Babel.
como deus.
uns vendem, uns doam, uns compram.
mas todos trocam, Babel.
como papai ensinou-lhes.



Babel,
creio que Capitalismo começou a ser teorizado em Mateus. e continuou em Marcos, Lucas e João: santíssimo quarteto do Evangelho. Consolidou-se na historiografia de Atos, desenvolvendo-se nas Epístolas Paulinas e Católicas. clímax com Judas e o final é profético em Apocalipse.

Porém o Medo...
este começou em Gênesis.

O Medo começou no Princípio.
E era Verbo.
E o Verbo se fez Carne.

domingo, 7 de dezembro de 2008

O que amedronta são os olhos.




É menino arrastado. É menina defenestrada. É pai que esquece filho no carro.
É gente que esquarteja criança. É pai que estupra e esconde filha no porão.
O plantão da Globo tocou sua musiquinha, atenção à telinha, é desgraça mais uma vez!
Foi assalto ao banco. Foi crime organizado que fez de refém o filho da juíza.
É mais um espetáculo a encher a atenção coletiva.

Mas o que amedronta já não é mais menino que fuma pedra. E nem menina que passa cinco horas no salão depois de banho de loja. O que dói é menino que fuma pedra enquando menino joga video-game. Mas o que amedronta não é isso. O que amedronta são os olhos. Assalto à mão armada já não assusta mais, é mais uma bala disparada em ditos inocentes, é mais negro na penitenciária, é mais moleque da favela sendo esculaxado por Polícia. É mais estatística, é mais um número computado. Mais um número pra fazer sensacionalismo em jornais e TV e escandalizar mocinhas e entristecer donas-de-casa. Mas o que amedronta mesmo são os olhos. Os olhos do menino que segura a arma. Os olhos do menino já não chamam por cuidado. Já não clamam por amor ou por atenção. Clamaram mudos, rogaram surdos, tremeram atrofiados. Já não derramam lágrimas, já não suam frio, secaram. Acinzentaram. Os olhos fizeram-se pedras rígidas, embrutecidas por sucessivo descompasso e afetos soterrados. A boca grita e ruge, ouvidos são atentos aos mínimos ruídos, mas os olhos já não sabem para quê olhar. Seguem apenas fixos, imóveis, num torpor amorfo. São expressivos, são misteriosos, apontam desconhecida direção de anseios reprimidos em pauladas e cacetetes. Mas são estáticos. Parecem vidrados. Parecem hipnotizados. Parecem até causais. Longe de ser convicto ou inabalável, o que amedronta é que o olhar segue cravado e inalterado.

O antecedente de cena de jornal foi clamor ignorado.
Qual será a sucessão desse olhar acinzentado?



sábado, 6 de dezembro de 2008

Sentidos




fluxos envolvem, atenção dilui, fundem-se movimento, cor e som.
presa já não estou, em presa converti, em pressa abrangi.
velocidade desgovernada e freio parece esquivar.
para onde vão?

direção desconhecida, dúvida alarmada.
pêlos eriçados e olhos envergonhados.
o ouvido aguçado a procurar ruídos familiares e nada encontrar.
para onde vai?

placas seguem a apontar caminhos, mas são alheios.
o volante segue à mão estranha e o coração dispara.
olhar espanta, boca entreabre.
o vento que conduz cega.
para onde vou?

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Minha poesia concreta

 O  M U N D O

    P R E S O

AO  M U N D O

    P R E Ç O

  I M U N D O

    M U   D O

A   M       O

      A M O R

             L

              I

               V

                R

                 E

Vitrine


Salto estancado da história
Palavra vitrine nos sorrisos cativantes, clichê.
Doçura pálida, anoréxica de personalidade
Sutileza etiquetada nos lábios doces de silicone
Grito plástico de produtos-beleza
Alma maquiada na mobília corpórea.
E já nem sentem e já nem sangram.
Sintéticas, do modo de produção.
No estereótipo patético das manequins,
que consome sérias mulheres.

Viva a integridade das bonecas!
De plástico ou pano, nunca quebram.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Tie-Die Esquizo



Vermelho rubro de paixão, de sangue que aflora do êxtase, chorei vermelho no adeus e gritei vermelho no gozo, odiei vermelho, amei vermelho.
Laranja energético contagiante, hiláriante e eufórico, ri e contei piadas alaranjadas, laranja de pôr-do-sol de suspiros de saudades, de manhã quentinha que reflete nos óculos escuros.
Amarelo de cor de brinquedo, de porta de escola primária, de almoço de domingo, batata frita comida sentada na calçada.
Verde saudável e vibrante, verde fotossíntese, verde grama, verde folha da goiabeira na qual sentava pra ler.
Azul do meu uniforme escolar, azul dos olhos daquele menino, azul da primeira caneta bic, azul da chama do isqueiro de maçarico que eu perdi.
Anil de roupa lavada secando ao sol, de calças jeans descoladas novinhas, anil de anoitecer estrelado no verão.
Violeta das flores da janela, daqueles sapatos que eu nao comprei, violeta da capa do caderno da quinta série.

Apagou o tempo as cores das minhas lembraças,
Sobrou um vermelho lavado dolorido escorrido e um laranja nostálgico e encardido,
Gruda em mim o amarelo doente e anêmico, o verde nauseabundo de rastro de lesma pegajosa, Me invade o anil de pílula placebo, azul desbotado de luto, de tatuagem mal feita,
E me enoja o violeta hematoma coágulo,
Espectros apáticos, refração distorção e difusão de psicanálise doentia

Memórias monocromáticas, desbotam descolorem lavam e esfregam e desgastam
E grudam
[Pegajosas
Viscosas]
E fedem
E secam
E ficam

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Cinza


Cinza
Cinza de grafite carbono. Dos motores dos carros. Da fuligem no rosto dessa gente.
Cinza, dos cacos e pés da Paulista. Dos prédios das grandes metrópoles. De sete tons e mecanismos. De humor sem graça. Do teu último trago de cartas queimadas. Metálico de engrenagens engasgadas. De carimbo velho e da Inquisição. Cinza de dissabores, amargura indizível. Existência indigesta, opacas multidões. E- terno cinza. Das queimadas consciências, inversão térmica. Poluído de branco e preto. De cinza e branco encarcerado. E branco pasmo de todas as cores.

Geme de Loucura e de Torpor


confundem-se ruídos, misturam-se sensações, já não se sabe ao certo o limite de cada uma das. falsas ilusões derrubadas à brasa da verdade, sorrateiras visões turvas convertidas em horas de preguiça e prostração, sólidos prazeres convergidos a instáveis ápices de alegria fulgaz. a espera de atitudes que não existem, o anseio em criar algo que não se faz presente ali, a fuga capaz de gerar caminhos alternativos. que sejam, que hão. são fugas, são medos, são menos, não se fazem dignos. a palavra ríspida, a frase violenta à ferida purulenta, a letra que fere sem nítido porquê, a dúvida que surge em dúvidas de afirmação infértil. egoísmos humilhadores, a posse do que não lhe é verdadeiramente, a farsa ao acordar de manhã e dizer um gemido de bom dia. o excesso de açúcar no café refletindo a falta de doçura em sua própria realidade, o exagero ao salgar representando a falta de condimentos para si. incoeso, ralo, barato e nem ao menos fétido. o descompasso do olhar que segue, a não clareza da palavra que profere, a sórdida náusea ao fundear aquilo que sempre te pertenceu. dúvidas emaranhadas em complexos-nós presos e amortecidos na garganta. sentido construido a partir da ausência de identidade interior, falso hino escorrido da boca, falsa presa acolhida em selva, falsos versos aclamados em urros de dor costumeira.


"geme de preguiça e de calor.
geme de prazer e de pavor.
já é madrgada:
acorda, acorda, acorda..."

domingo, 30 de novembro de 2008

Café e Jornais.


São amarras realistas, política no andar, política vestir, no “bom dia”, na louça...

É um regredir. É um novo dia de todo esquecimento. Um cárcere e a fome. Fome da noite, fome de vida, fome das pessoas. Indigestão de existências. E ainda são as mesmas ruas, as mesmas caricaturas, os mesmos paradigmas. Um olhar dogmático, de aprovação, reprovação. Um senso. Lágrimas na maternidade. Passeatas nas ruas. Seqüestro relâmpago de um trabalhador. Assaltos no transito. Um banco quebrou. Exército no Haiti.

Qualquer razão ofuscada num cartão de crédito.Um café com uma mulher rejeitada.Um sonhador falido. Uma criança que chora. São os desejos, vontades ordenadoras de um futuro cartesiano. Fatigado, desgastado.

Um caos de regras comportamentais, etiquetas, famintos, analfabetos, oco, opaco. Um homem apaga um cigarro em seu gabinete. São 23:00 horas em Londres. A sujeira das ações, a poluição dos pensamentos. É a sujeira das marcas, no rosto das pessoas. Da competição, dos sorrisos. Cinismo, puristas, tipos e outros amorfos.

Cansaço no metrô. Um trânsito e um corpo estendido no chão. Um outdoor que convida a viagem. Corre-corre nas ruas. É o pânico das manchetes sensacionalistas. Sufoco e terrorismo cotidiano. E vende mais. Os cristãos, invasores, doutrinários e outros estupros. De persuasão e sangue quente e selvagem de velhas referências .

Um adolescente drogado, entregue ao bueiro da rua. Um homem que sai de casa para uma entrevista de emprego. Uma loucura, canibalismos nas esquinas. Individualismo classista. É a guerra. Um ácido. Doses analgésicas na praia. E os olhares que passam nos ônibus. A clausura de cada copo na noite. Um escândalo exausto em si. Numa parada cardíaca que foge das fábricas e procura a neblina de qualquer prazer ilícito.

Um homem se explode. Agora são 2:00 horas no Japão.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Ela


Fácil demais para ser verdade.
Difícil demais para ser mentira.

Ela vem assim, desajeitada,
Olhando para todos os lados da rua.
Pra ver se encontra-se em qualquer outro rosto.
Qualquer outro rosto acinzentado que anda pela rua.
São olhares vazios, que não a encaram, não a penetram,
Não a aquecem, não a confortam.
Eles são simplesmente olhares...
Inúteis, fúteis.
Indignos de qualquer razão.
E são sem sentido...

Sentido
Sensação

Ela é a personificação das sensações.
Ela grita.
Por amar, por odiar, por sentir dor.
Por querer um abraço, por querer um mundo inteiro todo pra ela
Da forma mais egoísta que pode ser,
mais dominadora,
mais real.
Ela é assim...
Um pouco real.

Mas é sua parte sonhadora que olha para todos os lados da rua.
Olha para cada um e quer saber cada história.
Cada vida que não é a sua vida mas que se completa num círculo perfeito.
Que não interfere na perfeição de seu próprio círculo.
Mas que o tangencia  e logo em seguida está no outro lado do mundo...

Como pode alguém ser tão presente em sua vida,
E de repente pegar um avião e ir, ir, ir?
Ir, voltar, e ir de novo.
Como se não tivesse bastado da primeira vez.
Como se fosse insuficiente as coisas que tem aqui.
Como se as pessoas fossem insuficientes.
Mas infelizmente elas realmente são.
Não todas.
Não nós.

Nós.
Nós.
Nós na garganta.
E tranca.

Trancafia sua alma na garganta antes de conseguir de falar...
Antes de conseguir falar toda a verdade.
Mas qual é a verdade? QUAL É A VERDADE?
Q U A L É A V E R D A D E?
Já nem sabe se quer saber...

Tem em si todas as dores do mundo.
Só para poder esquecer suas próprias dores.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Solo Consolo




Não queria fazer arte
Só daquilo que li
Não queria fazer parte
Só disso que vi.

Queria é fazer versos
Do que apenas senti
Queria é que os per versos
Omitidos não fossem aqui.

Queria ao menos poder pensar
Sem a ânsia do rimar
Poder apenas contemplar
Sem pensar no amar.

Ah! Que bom seria
Ao derramar versos
Livrar também
Meu pranto.

Mas
No lugar disto
Faz-se tão bem
Apenas mais um manto.

E preso continuo

A meu delimitado
canto.


segunda-feira, 17 de novembro de 2008


É s T É R i l
que nada! RiO .

Falatório

É sempre a mesma coisa...
Mesmo medo.

Mesmo barulho que me agonia,
que me tira a segurança,
que me faz implorar para a chave vir logo a mão
e eu conseguir abrir a porta.

É uma prisão perpétua dentro de mim mesma.
Mas eu abro as portas, e vou encarando cada dia,
cada passo,
cada olhar,
cada palavra,
cada sorriso.

Como se tudo fosse incrível.
Como se tudo fosse possível.

Como se não fosse difícil demais de aguentar isso...

Como se todo mundo achasse ridiculamente fácil.
Como se todo mundo soubesse o que é certo ou errado.

Como se as partes por aí espalhadas do meu ser
pudessem ser recolhidas por um único outro ser,
que se diz tão importante,
quando eu sou apenas uma amante.

sábado, 15 de novembro de 2008

Capítulo II


Se eu puder me perder nesses tons e em açúcar e temperos.
E Cristo não tem nada a ver com isso.
É o lado negro de quem dança nu.

Me deixa reviver a loucura dos meus antepassados.
Me deixa sentir o fervor do ontem e do hoje para criar o momento.
Me deixa eloquente,
Indolente,
Sórdido

É todo o meu ser que quer falar
tomar-me
Sonhar, inovar toda a minha
vida.
Deixa o alcool dissolver tudo o que me prende,
Volátil, sublima, condensa minhas idéias, meu âmago
Sem amarras, vou sentir o chão passar sobre mim e eu o atravesso num niilismo ilógico
do meu inconsciente
Que explode
Violentamente, num curto-circuito psicológico
Que aquece as entranhas num gozo
Hemorrágico
Eu posso além do sentir, posso ver entre tons.
Estão em mim e transparecem no meu rosto, iluminam meus pés, e comigo caminham
Num estado Floyd
E por tantas vezes solitário
Por tantas vezes só meu.

É compartilhado amado e desprezado
Numa fusão de emoções e sentimentos e sensações
Porém...
Tudo passa pela manhã
Sem orvalho e a luz faz toda nostalgia fugir por debaixo do travesseiro

Imenso labirinto o som condensa
rasga minha pele,
Cria unhas e dedos e arranha e queima meu corpo
Sob o silêncio corrompe neste gradual som tinto
me desce a garganta
Me alimenta por dentro.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Felicidade triste, felicidade contida, infelicidade



Eles se escondem por debaixo dessa pele
Se escondem por debaixo dessa pele.
Por isso que eu gosto de osso.

Osso!
Que sustenta, que é rude, grosseiro.
Ossada imponente, impotente, impotente.

Ah...
Somos ossos, restos, caveiras, mortos, podres,
largados, estilhaçados, enterrados, quebradiços,
mas não tão frágeis quanto parecemos.

Somos estruturas milimetricamente encaixadas,
mas recheadas de tanto pudor quanto é possível caber.

Pudor, e dor, dor, dor.
DÓI!
E machuca, e fere, e sangra, e goteja,
é sangue, é osso, é dor, é olho.

É olho. Que vê, mas é míope.
É míope mas quer, ainda assim,
os ossos que caem
e apodrecem em baixo da terra,
em covas,
em túmulos,
em santuários.

São eternos, são otários,
Estão a sete palmos da onde eu piso.

Inferior, interior. Tudo dentro, tudo fora.
A parte que não coube em mim, e agora chora.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

com pressão larga




Eu adoro meu carro. Ele é tudo para mim. A gente anda por aí, juntos, eu e ele somente. Nosso clima é ameno, tem ar condicionado. Nosso aroma é agradável, tem cheiro de carro novo. Eu o mando ao lava-rápido toda semana, ele sempre está cheiroso. Tem DVD, tem vidro e câmbio automático, e tem GPS também, super útil nesses dias de hoje. Vidro filmado de escuro tem que ter, né? Você sabe como é. Há dias meu vidro se quebrou. Quebrou-se em mil. Alguma pedra veio não sei de onde, não sei porque, deve ter sido um desses marginaizinhos que andam por aí a vadiar, quebrando vidros de carro por hobbie.


E agora a luz mudou, agora o jeito mudou, as cores, agora aquele branco me fatigou, fatiou, aquele lá, entrou em mim, me atravessou, vulto elétrico trêmulo e oscilante, em escuridão acendeu, dilatou, expandiu, contraiu e relaxou, transpirou. Finalmente respirou. Agora respiro outro ar. Desde que me quebraram o vidro, o ar se tornou denso. Não há mais proteção, não há mais detenção, exposto estou. Minha fôrma se rompeu, hei de espalhar, escorrer por aí, pulverizar, nascer, atiçar, aguçar, fazer, gritar, uivar, fazer caminhos, trilhas (d)e trilhos. Agora posso sair, sou livre, quebraram meus vidros, malditos marginais, como ainda não tinha provado esse cheiro, esse gosto, esse pó macioso asperizando em minha face, em minha alma, em minha carne, como? Como é desesperador. Como toma conta, invade, grita, cresce, aponta caminhos, bifurcações, atalhos, sinais, símbolos, coxias e cortinas, e asflato quente queimando os pés.


Eu ando tanto
de pés descalços
que quando piso
em asflato quente
já nem sinto mais
aquela ardência anterior.

Criou-se casca, cápsula.

Cegou-lhe a vista.
Taparam-lhe os ouvidos.
Sedou-lhe a boca a fita metalizada.
Prenderam-lhe os polegares com mesma fita.
Já não arde mais.


terça-feira, 11 de novembro de 2008

Caminho


Procura, sorri, fala, convida, agrada, troca, acompanha, beija, amassa, transa, treme, geme, boceja, dorme. Rejeita, esquece, corta. Caminha. Cospe, engole, sua, chora, escreve, cresce, questiona, inova, cria, sente, aquece, alegra. Mira, escuta, compreende, comunica, escolhe, expressa, constrói. Perde, insulta, destrói, quebra, queima, remove, pergunta. Afaga, esfria. Caminha. Explode, sangra, esconde, pulsa, confia, lembra, transmite, pensa, raciocina, indaga. Supõe, rotula, sonha, aspira, deseja, consome, abre, corre, corre, corre. Manipula, liberta, atua, percorre, senta, acomoda, contraria. Mija, ejacula,espirra, tosse, adoece. Mede, calcula, atira, mata, disputa, segrega, limita. Condena, entrelaça, entrega, admira, mente. Articula, agita, poetisa, cansa. Inventa, culpa, pinta, brinca, castiga, bate, gargalha, silencia. Adora, transpira, vomita, defeca, apela. Caminha. Complica, levanta, briga, acaricia, salva, abraça. Supera, bebe, pega, pisa, encosta, move, busca. Confirma, contorce, espera. Gosta, alimenta, ama, pontua, suspira, canta, busca. Caminha e morre. Cala e fede.

Palavra Indireta

Atiro-me, e assim, me esmago.
Num retrocesso casual, não é o fim.
É palavra indireta. Poesia lambida.

Um salto, sobre si mesmo.
De quem engana o ego, pra fugir com o inconsciente.
VOZ, murmúrio gradativo, até tomar os corpos.
V i b r a n t e s.

Sem nenhuma verdade, sem nenhum compromisso.
Um passo e está
abaixo
do
SOM.
E se não pode ouvir?
Todas as questões indolentes, adormecem.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Domingo

Sem por que nem para que, primitivo, sensorial instintivo, deixa eu me traduzir numa enxurrada de sinestesia e hormônios, sinapse, impulso elétrico, pára de querer racionalizar isso, pára de querer fugir de ser bicho, deixa eu girar girar até a visão turvar como fazia antes, deixa eu comer morango com chocolate até enjoar, deixa eu me embriagar em tudo isso pq é só o que importa é a perda do raciocínio e o prazer, pq n importa o que te entorpece, a ressaca sempre vem, eu n quero explicar eu não quero medir, me deixa louca na minha inconsequência, me deixa sentir, deixa eu me balançar nesse ritmo, deixa os pensamentos enrolarem tua língua e me dá teu beijo com gosto de saudade , pode chamar de infundado, de inconsequente, irracional, infantil, mas faz cócegas, me faz rir e chorar e sentir, e arrepiar arder e suar... gosto muito...

Boemia

Plantava maconha com fins medicinais quando conheci a Boemia. Ela se apresentou já de maneira vulgar, me oferecendo um pouco de bebida de cevada. No calor daquela tarde, o estalar labial da espuma de cevada aflorou meu ânimo. Tirei a blusa. Tirei o corpo fora do trabalho. E fui viver. Ela era alta, magra, loira, ativa, sensual, bem apessoada. E me seduziu. Me arrastou paras as mesas espelhadas da cerveja que escorre por descuido e molha os cigarros, os isqueiros, as contas. Me fez acender cigarros e tragar todas as impurezas, para que enfim me libertasse das verdadeiras impurezas que estavam encrostadas no meu âmago. Eram agourentas. Dei um sorriso amarelo e me viciei. V Í C I O. Minha namorada, Boemia não te largo mais.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

frequência


Me inspirei,
despi, servi, vendi, rendi..
comprei.

Paguei caro.
E sabe o que tem?

É cheiros.
gostosos,
gosmosos, plastosos,
gozados.

Esse cheiro não me sai.
Engoli para poder vomita-lo, cheiro fresco.
Cheiro molhado fruto de atos reificados,
verdadeiros hipócritas devotos do prazer
e dor conseguinte,
expreminte.

Icterícia antes fosse
Pelo menos teria cor.
Amarela.

“Amarelo das doenças, das remelas, dos olhos dos meninos, das feridas purulentas, dos escarros, das verminoses, das hepatites, das diarréias, dos dentes apodrecidos... Tempo interior amarelo. Velho, desbotado, doente."

Antes fosse doença certeira.
Morrera depois de febre perturbada,
causa de lírios e suores e urros
tapas.

Rocei até avermelhar para ver se saia o último gole que ainda se não esvaia
E não.
Enfiei até o final para ver se saía,
E saiu tudo, saiu a Bile, só não saiu o cheiro.
Mentira.

O cheiro fica, persegue,
morte em vida que zumbi na orelha
língua fina e pegajosa que se emaranha e amontoa vulgarmente.

É mais que nojo.
Dá ojerizas.
Faltam-lhe os calafrios.

entrei para poder ver sair,
soa dubiamente ridículo. E agora?
A única volta vejo essas seqüelas e marcas e cheiros que aqui habitam.
Voltas curvas, tensas, tesas, marcha sem letra.
Pobre.
Desidratada.

Saiam de mim, se esmiúcem por aí,
fodam-se.

Fodam-se.
Merda. É sempre volta ao Congresso.

Mas olhe!

Como é bom!
Sobrou-me um picolé e alguns chicles de bola.


_________________________________________


Oi, sou novata.

Prazer,

luiza.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Capítulo I




Balcões paredes e mesas me chamam, latejam as ânsias primiticas do meu ser sórdido, é o instinto que me põe de joelhos, pulmões resfoleantes, atrito contato pele e suor, e pulsa, pulsa no gozo animalesco irracional do grito emudecido.
A violência dos botões de camisa arrancados e livros no chão, sapatos jogados no canto da sala e taça de vinho abandonada à meia-luz, palavras embriagadas em blues.
Um corpo transborda seus limites, invade outro espaço, aquece e funde num puxão de cabelos, impropérios promíscuos gritados em uivos de êxtase libertino.
Movimentos libidinosos consomem a racionalidade metálica e libertam o orgânico intrínseco urrante de prazer.
O estado natural e febril que expõe o âmago profano no ato selvagem.
O toque corrói a película e escorre o biológico quer possuir o corpo que percorre, quer derretê-lo, inundá-lo e inebriá-lo.
Os olhos vidrados vibrantes reviram-se nas órbitas, as cortas arqueiam os músculos contraem e da boca entreaberta escapa o gemido delirante.
Pés entrelaçados ao amanhecer. Corpos despidos da vergonha cobertos pelos lençóis amassados. Molhados. Fartos. Sedentos por mais.

Entre escombros


Se você me convidar, eu prometo que vou. Eu vou sentar com você, falarei qualquer bobagem pra te distrair. Antes que você perceba, eu te pego num salto, numa vírgula. E assim, eu vou bebendo das suas loucuras engasgadas. Vendo se desfazer em discursos analíticos e olhares furtivos. Vou corroendo suas verdades, expondo a sua nudez. Invado o que omite, te vejo contorcer, adequar-se. Num piscar eu arranco a sua máscara, toma mais um gole, e você está ofegante. Quer fluir, chorar, tomar-me. Quer falar como uma criança, nunca esteve tão só. Estigmatizou sensações, racionalizando. As impressões te machucaram, o amor secou. Descobriu que tende ao tédio dos previsíveis. Fechou as janelas, calou-se. Achou seus delírios num corpo, escondeu-se. Encarcerou-se em escombros, palavras metódicas, embalagens, tradições? Um Eu “nasceu”, gozou. Teve uma breve visão liberdade, tomada numa aventura. Fui eu que te roubei a solidão. Nunca bebeu deste prazer, nunca provou da metonímia. Fartou-se! Se me infiltro no teu eu-avesso é porque me enlouquece. Amanheceu e não estava lá.

domingo, 2 de novembro de 2008

Anima Sola


Ali, aguardando para ser apontada julgada e condenada purgando em dúvida seus pecados ardendo mas nunca consumida, a alma solitária, mesmo em meio a multidão, vaga pela cidade que pulsa caoticamente em cada um de seus pavimentos cinzentos, vagueia com suas botas de solas esburacadas de tanto seguir rumo a lugar nenhum, passa pela juventude que entoa seus hinos monotônicos da geração dessa semana, com seus cabelos iguais e celulares de última geração. Vagueia e vê as pessoas que passam e a abandonam e se abandonam aos poucos em parcelas do seu cartão de crédito de limite estourado pelos vestidos de festa, da festa que acabou com a cinderella de ideais estuprados maquiagem borrada e pés doloridos em sapatos que não eram de cristal, deixam cacos para trás para se tornar um, para caber na forma, espremem-se torcem-se para entrar no molde de metal para não lidar com os cacos de si, cacos que cortam e deixam escapar o sangue rubro , talvez não sangrem, afinal sangrar é tão demodê. Passam apressados e apáticos à brisa com cheiro de mar a beija no rosto e bagunça os cabelos, não sentem não vêem são partículas que dão à cidade maquinal e cinza a impressão de pulsar mas não pulsam mais, os velhos não têm mais olhos sábios, os jovens não tem os rostos rosados e cabelo desfeito pelo deliberado desleixo os adultos não são mais heróis e talvez nem às crianças seja permitida a inocência. Tudo pulsa mas nenhum coração bate, eh um pistão metálico que impulsiona pra frente, e quem tem tempo para pulsar? E no desespero desse mundo monocromático grita alto até a garganta sangrar e os pulmões estourarem violenta também o paraíso sensorial do seu ego sem aguentar a solidão que lá havia, talvez o som do grito da dor irrompesse as barreiras do mundo bom que só ela conhecia. A julgam como louca, pecadora profana, sem saber que cometem todos os dias o crime de tentar ser normal.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Vertigem


Um dia desses vou viver como um uivo, vou gritar promiscuidades por ai.
Eu serei meu verbo, serei meu tempo, sem subordinações, sem orações, repleto de neologismos. Reinventarei na minha psicodelia histérica, todo significante das palavras.
Enquanto eu tiver voz, só prometo o surreal, só garanto a dúvida, só afirmo o contrário.
O labirinto está aberto, só corro pra me perder. De olhos vendados, eu sigo o instinto como um animal. Sinto o cheiro da descoberta, eu sinto o cheiro do medo.
Meus pés pisam em lembranças, e eu te peço, meu amor não se abaixe...nem olhe pra mim, não se assuste, eu já te nego.
Tudo cabe numa folha em branco, como meu rosto já foi. Hoje, as impressões me marcam. Aquele espelho quebrado, não me contém.
Enquanto eu existir, meus heróis me seguem, com eles todos os cantos, todas as paixões, todas as loucuras transpiram emocionadas, similar a um impulso que faz o corpo tremer. Quando a cabeça inverte e já não da pra respirar. Continua pela boca seca, pela pele exposta, pelas mãos de quem carrega subjetividade. É um passo pra dentro do que você escondeu, docinho. Lirismo embriagado, orgasmo, camisa rasgada.
Enquanto você, querido, camufla as verdades na noite. Se for preciso, buscarei além das montanhas. Eu já te disse! Todo o Externo cabe em meus olhos, faz parte de mim.
Conheço essa estrada como a mim mesma. Enquanto me agrada eu te seguro e se não for assim, eu te devoro!
Quando todos sucumbirem ao convencional e envelhecerem, eu ficarei de pé, com a paciência de um atirador. Buscarei novos alvos pra me deliciar. Talvez eu ande com calma, observando essas insignificantes existências. A vida pacata cheia de detalhes, perfeições. Talvez eu me cale, suportando o silêncio e todos os demônios que se põem a chorar a luz do dia, são só crianças. Enquanto desequilíbrios me acompanham sob a lua, vou declamando aos poetas mortos, os paradoxos do meu ser. Talvez eu vá ao centro do turbilhão, provocar as emoções que vivem em mim. Um múltiplo, um leque carrego comigo. É um causo, uma máscara, um teatro real. É só uma estória que conto, pra te enrolar. Antes que me corrompa eu me salvo, enquanto você dorme.

domingo, 26 de outubro de 2008

O jardineiro

Ela era tudo pra mim. Deixou de ser. Antes disso era a flor que eu melhor cuidei no jardim dos meus sonhos. Ah! Como era linda e intocável. Eu espantava aos gritos quem ousasse ferir seu recanto sagrado, mesmo que fosse com um leve suspiro. Era minha, MINHA. E a perfeição de seus traços me iluminavam os olhos. Iluminavam tanto, que me cegavam. Ela me cegou, me seduziu, e de mim se apoderou. Eu, antes um mero jardineiro, fui feito de escravo. Escravo de seu egocentrismo. Vendo assim, podem achar que eu tentei resistir. Mas não. Me aninhei de tal forma ao seu encanto, que quando ela veio com a famosa faca de dois gumes, eu não reparei. E fui assim, um bobo apaixonado por muito tempo. Até que uma tempestade me soprou pro alto. E eu fui parar em outro jardim, em outro sonho, em outra flor, onde eu não sou, nem ela é, e onde nada é feito de tudo, e tudo é feito de nada.

1 Vertigens


Um salto numa corda que se estende ao abismo. É um caminhar pelas ruas, uma menina de olhares perdidos, um sonho que toma o corpo, são as pessoas que correm. Eu penso no mundo, acendo um cigarro, eu te vejo girar! Uma satisfação descontente, orgulho da dor, aprendizado e coragem. Vou juntando o ontem e o hoje, até em mim trasbordar, todos os soluços e descasos desta rotina. Um prazer momentâneo, um êxtase sórdido do tempo que corre e ofusca os caminhos. Apaga as paixões sobreviventes, que se escondem em espasmos da madrugada. Um estado-insone, uma verdade que escorre enraíza meus pés. São doses a me libertar, caminhos tortos, vertigens me acompanham, me alegram. Entorpecem meu sono, me faz delirar, esta cor, aquele tom...é este tempo, natureza morta, orvalho.
É a palavra do silêncio, meu dentro é o que escorre, uma sensação que pulsa, verdades infames, cansaço e compaixão num único vômito, como um ébrio que sucumbe a luz...

sábado, 25 de outubro de 2008

It's the same

É a mesma coisa desde sempre, o mesmo paradoxo do eu te quero e não me quer, passo tanto tempo estagnada nisso que a vida passa em flashes e imagens borradas pelos meus olhos como uma estrada confusa e eu estou num trem super sônico, a vida passa com uma velocidade imensurável e eu continuo olhando para o referencial que me mantém em repouso a vida passa e me abandona arrancando pedaços do mosaico heterogêneo que me compõe, e a cada pedaço arrancado eu sangro e na carnificina psicolóigica patológica e masoquista me acomodo mesmo implorando salvação para os que estão parados em cada estação.E mesmo sentada me deixando carregar nesse ritmo louco eu me canso, estou exaststa de perder meus pertences pelos trilhos, eu quero recuperar o adeus sem dor, recuperar o fôlego de antes de mergulhar os olhos cinzentos de tarde chuvosa e nostálgica, recuperar o coração inorgânico metálico e coeso, a mente vazia antes de dormir, o beijo roubado as lágrimas vertidas e o sangue derramado, quero cada caco, e quero tudo isso que não é só uma fase e não acabará logo...Eu quero saltar fora desse trem desgovernado, parar de deixar os pedaços de mim pelo caminho e quero conseguir parar de vomitar argumentos insanos e implorar que me ame, mas n tenho mais os cacos de mim para juntar e me agarrar aos escombros e então continuo nos trilhos do caminho suicida mesmo sabendo que o abismo se encontra logo antes de você.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Por um orgasmo

Acabado o filme, desliga a televisão e põe uma música:
A música.
Tranca a porta, a luz já apagada, se deita.
Abraça, beija e respira fundo.
Rasgam-se, arrancam-se.
E riam deles mesmos.
Abraça, beija e respira fundo.
É quase rude, é forte, é bom.
Muda a música, as bocas mudas.
É quente. Sua. Pinga.
Abraça, beija e respira fundo.


-


E um brinde à minha estréia em Orgasmos Viscerais!
Veio de um bar, veio de dentro, veio de nós!

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Nowhere, now here...


Relações de tempo-espaço se desmantelam na minha cabeça que é qualquer lugar que não é lugar algum. Eu queria que hoje fosse aquele dia, eu queria estar lá, eu queria me divertir como da primeira vez, como repetir a brincadeira só porque deu certo ontem... eu queria não ter dito aquilo, ou queria ter guardado e dizer só hj, eu não queria ter chorado nem sorrido nem duvidado nem questionado... Lembrança onipresente de saudades de arrependimentos de culpas do prazer efêmero, mensagens dedicatórias e cartas de amor lidas em papéis em branco, se eu ao menos conseguisse deixar isso de lado se eu ao menos conseguisse parar de pensar em hipóteses, talvez eu devesse abolir o talvez e o se do meu vocabulário e escrever algo com algum sentido, ou foda-se o sentido a direção e intensidade do meu pensamento vetorial e calculável, fodam-se a consição e a gramática e meus objetivos paradoxais, porque talvez descobrir o que quero seja meu maior desejo que depois de realizado deixe um vácuo irremediável e o único combustível que me move seja tentar fazer que tudo seja como eu axo que deveria ser, e essa tal felicidade a satisfação não se encontre em lugar algum... ou aqui agora...

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Between my pride and my promise


"Don't say a prayer for me now,

Save it 'til the morning after"




A eterna tragédia escatológica da manhã seguinte torna bem desagradável ver meus próprios atos em terceira pessoa, a espontaneidade tão admirada é o verdadeiro toque de Midas, parece tão inconsequente todo esse Carpe Diem. Não entendo ou invejo quem clama só se arrepender do que não fez, me parece apenas uma estratégia para evitar o tão desconfortável pedido de desculpas, desconfortabilíssimo aliás, mais doloroso do que lidar com as consequências de um erro é engolir o orgulho e tentar consertar de alguma forma, logo eu tão corajosa e desprendida, tão madura e bem-resolvida me mantenho ocupada durante o dia pra não ter que refletir sobre o que eu deveria ter feito ou dito, chega a ser irônico como até as pessoas que só se arrependem do que não fazem se perguntam como seria se pudéssemos voltar no tempo.
Seres humanos, racionais e evoluídos são incoerentes, a ponto de querer controlar a única coisa que nos força a ser racionais e medir consequencias antes de agir, o tempo impetuoso, cada tic-tac do ponteiro dos segundos é a batida do martelo que sela o veredicto do que já foi feito e cada vez que o relógio badala anunciando as horas parece me apontar e dizer que mais uma hora passou e eu não fiz coisa alguma pra mudar a situação que me incomoda ou me acomoda é mais fácil se fazer de vítima ou de forte quando se tem culpa, encontrar um culpado ao invés de uma solução ou continuar sorrindo enquanto os ombros cedem pelo peso do delito.
Me consolo durante a madrugada me dizendo que amanhã será diferente, que amanhã eu faço algo em relação a isso, que amanhã eu serei madura e vou deixar o orgulho de lado e admitir meu erro, que amanhã eu pedirei as tão desconfortáveis desculpas que devo, tudo parece tão palpável quando se tem a consciência alterada, ou naqueles minutos antes de se pegar no sono, o estado transitório entre o sólido e o etéreo amortece o impacto das idéias e tudo é tão possível... É nesses momentos que estipulo metas, faço planos e admito minhas vontades, chego ao ponto de marcar na minha agenda o que fazer no dia seguinte, escrevo cartas, organizo horários e ensaio diálogos, mas humana e fatalmente contraditória não chego a cumprir metade das minhas resoluções mesmo tão previamente pensadas, talvez haja um período exato pra se pensar no que fazer, longo o suficiente para que se meça as consequências possíveis e curto o bastante para que a determinação não se corroa pelo medo e orgulho.
O arrependimento é agonizante porém mascarável, e creio que seja mais confortável carregar em segredo os efeitos colaterais das decisões do que mudar e lidar com novos efeitos imprevisíveis ou pior, admitir que se arrepende, por isso toda vez que decido e tento formular as incômodas desculpas o ponto principal se perde no meio de um texto confuso e rebruscado e delata minha incapacidade. E as metas não são atingidas, nem os planos seguidos, nem as cartas enviadas, nem os diálogos proferidos e passo as primeiras horas de uma terça-feira chuvosa me fazendo promessas que não cumprirei...

sexta-feira, 27 de junho de 2008

You're sorry, I'm Sorry, Everybody is sorry!

Tudo tão intenso, como a chama que arde intensa e efemera. Eu posso sentir o sangue bombeando pelas minhas arterias agora, nesse instante todas as cores estao tao gritantemente vivas, fecho os olhos involuntariamente ofuscados pela luz que me agride. Sinto o cansaço ao andar, meus pulmões ardem a cada passo e eu escuto o eco do grito de dor retumbando no coração vazio, tudo tão intenso, as lágrimas caem no tapete felpudo como granadas, tdo dói tdo me agride, a brisa delicada colide com a minha pele e sinto o atrito de cada partícula. Eu cheia de extremos, não consigo me familiarizar com esse meio termo, preciso do tudo ou do nada, da gargalhada hilariante e do luto histerico, preciso de intensidade, preciso do sangue rubro na ponta da faca, amo tanto e odeio tanto, odeio fervorosamente minha impotencia em mudar isso, não importa o que seja dito, nao importa o que seja feito ou pedido, eu poderia implorar que nao mudaria coisa alguma.E doi tanto causar dor, mas eu nao me arrependo pelo orgulho ferido, e não, eu não retiro o que disse...

segunda-feira, 12 de maio de 2008

I'm the bitch you hated, filth infatuated



"Finding myself making every possible mistake"
Prenda-me eu me rendo, algeme meus pulsos e me aprisione eu nao quero mais sair, qualque punicao que possa me dar esta aquem de meu crime, cometi o mais vil dos atos, qualquer dor que me possa ser inflingida nao sera o suficiente.Que tipo de sociopata eh capaz de tamanho delito, axei que a unica que pudesse ter o coracao partido era eu, e percebo que todo o sofrimento pelo qual passava nada mais era do que merecido.
Perdida entre amargura e auto-indulgencia, usei q joguei fora inocentes, egoista violentei sua alma e roubei seu coracao,e doi demais machucar quem nao tenha nada a ver com isso, me torna igual a todos os quais sempre critiquei, e por mais que doa nao consigo reparar o dano causado, continuo tendo os mesmos defeitos ainda perdida no meu egocentrimo seguindo meu caminho sem destino, deixando garrafas vazias e cigarros apagados para tras, siga a trilha de sangue e lagrimas e lah estarei eu,iludida pensando que estou no apogeu e sem pensar no impacto das minhas atitudes.
A venus enfurecida que exala morte, corvos grasnam enquanto a aberracao encoleirada desfila pelas ruas, o eco dos meus passos afasta as criancas e faz as flores murcharem, o solo grita sob os meus pes porque nao suporta o peso da minha consciencia, espelhos trincam se recusando a refletir minha figura desagradavel e nuvens encobrem o sol, toda musica se transforma em marcha funebre, no meu caminho tudo se torna monocromatico, contudo mantendo a pose blase, os olho vervelhos e inchados se escondem atras dos oculos retro, enquanto me afogo no meu luto histerico pelo coracao sepultado...

domingo, 27 de abril de 2008

Humpft!


Passando pelas ruas niponicas, vi uma arvore, quase sem flores e .. uma delas.. tinha q ser bem na hora q eu olhei, essas coisas sempre acontecem na minha vez... caiu tao solitaria, o vento levou ateh a avenida e os carros a esmagaram tao impetuosamente, nao nao para de chorar eh soh uma flor nora brass! Maldita sensibilidade exagerada! Nao posso evitar minha indignacao perante tamanho paradoxo, alguns segundos, alguns segundos foram o suficiente para que uma pobre flor passasse de objeto de veneracao, a uma pequena mancha no asfalto, uma sujeira incoveniente grudada em um pneu de caminhao. Sera que ela era a flor perfeita? Uma flor perfeita que muitos passam o resto de sua vida procurando, ninguem se importa, ninguem quer saber, todos ocupados demais em seus ternos com suas maletas e seus carros mega tecnologicos, qual a diferenca em observar uma flor qdo se esta num parque ou no meio de uma avenida? Todo ritual ensaiado, mecanico, sensibilidade programada, transitividade, idolatria efemera muito triste, muito triste mesmo...


Intransitividade de verbo,
Ausencia de explicacao ou complemento,
Auto-suficiente auto-explicativo
E ironicamente incognito


Livro aberto e criptografado,
Enigma paradoxal,
Veneno e cura,
Torniquete canivete

Prolixidade laconica
Castidade obscena
Confissao censurada
Bem-estar patológico
Vício

Incoerencia, irrelevancia,
Incoesao inconsisao
Falta de nexo falta de sexo
Miscelania psicologica


Meio doce meio amargo,
Entorpecente e inconstante,
Balanco borbulhante,
Sake frisante

Preto e branco, talvez sépia..
Nitidamente difuso,
Suposicoes ambiguidades,
O perfeito preambulo do meu drama
Relacionamento hipotético
Imperfeitamente sublime
Rubro ardente marcante
Pulsante
Sofregamente ofegante

Veleidade perene,
Masturbacao literaria
Masoquismo sentimental...

And I miss you, and I need you... I do


"But don't go, take my love,
I won't let you,
I'm saying please don't go.
Don't go, take my love,
I won't let you,
I'm saying please don't go."


Memórias meio amargas como meu chocolate favorito me assustam por me pegarem desprevenida dessa maneira cada vez que vejo uma demonstracao de carinho, tenho medo muito medo disso tudo, preciso qe pegue minha mae e me leve, senao nao sei que caminho seguir, preciso da sua respiracao no meu ouvido para saber que esta por perto, mas agora tudo q eu ouco eh a caneta arranhando o papel, preciso sentir vc sobre mim, mas assim pareco que estou abandonada no vazio, como a flor de cerejeira que acaba de se soltar do seu ramo, e agora eh carregada pelo vento frio ateh ser abandonada no asfalto cinzento, e agora que nao esta mais presa ao ramo ninguem mas a celebra, ninguem a venera, ninguem pára para apreciar sua beleza...tao ironico como passa de objeto de idolatria para lixo, esmagada pelos carros que passam velozes...como eu que preciso ao menos me iludir e pensar que estou ligada a alguem, ainda fico euforica cada vez que esta feliz e qdo esta triste eu sangro liiitros pelos seus ferimentos, mas eu preciso disso, preciso disso caso contrario sou jogada no chao e pisoteada pela solidao novamente...
Como odeio minha atencao aos detalhes, odeio reparar em cada peculiaridade insignificante a outros olhos e guardá-las permanentemente, cada movimento se repete em slow motion e basta uma similaridade com qualquer dos poucos momentos que estive ao seu lado, uma palavra engracada que vc costumava falar ou uma musica para que cada musculo do meu corpo se contraia fortemente devido a esses pensamentos involuntarios e gracas as minhas descricoes minuciosas que soh servem para recussitar memorias a transferi-las para textos prolixos entro no transe da minha masturbacao literaria...
Respiro vc, sinto seu gosto e te revejo qdo fecho os olhos e qdo recupero a consciencia percebo meus olhos revirando-se nas orbitas, meus dedos fechados amassando o papel, minha respiracao ofegante e meu coracao batendo tao forte que parece esmurrar minhas costelas dolorosamente, e eu masoquistamente gozo o prazer desse suplicio...
Detalhado demais, nostalgico demais, masoquista demais....

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Come on, in spite of this we're doing just fine...


"I dont ever wanna feel

Like i did that day,

Take me to the place I love

Take me all the way"


Morro e revivo a cada madrugada, com o por-do-sol se recolhem tambem a minha segunranca e meu sorriso, a noite escura no seu luto por uma parte de mim falecida me envolve e me inunda com uma enxurrada de pessimismo que transborda pelos meus olhos vermelhos.
Eu gostaria de nunca ter entrado em meio a esses joguetes dos quais agora sou uma viciada assumida, e como todo viciado em jogo aposto tudo o que possuo e o que me falta na esperanca de tirar a minha carta de sorte na proxima rodada... mas a casa nunca perde e eu na perdida na falencia da minha psique continuo jogando sem mais nada a perder, presa a mesa pelas lembrancas, supostamente o principal motivo pra que eu me afastasse.
Indignada fico por saber que na verdade nao ha problema algum, todos os obstaculos no meu caminho, todo o drama e preocupacao necessaria nada mais sao do que frutos da minha mente atormentada.Penso que a distancia fisica seja um problema maior do que eu acreditava que seria, aquele velho cliche de o amor n tem fronteiras sempre presente nos romances melosos nao funcionou do jeito q eu esperava, as memorias cravadas em mim me acompanham apesar da minha fuga desesperada, nao posso vence-las, assim como nao posso vencer essa terrivel inseguranca, a grande vila da batalha epica que travo mentalmente, isso soh cabe a vc e creio, nao soh creio mas tenho absoluta conviccao de que no mesmo instante em que esteja proximo o suficiente para q eu sinta seu perfume, no mesmo segundo em que eu sentir sua pele macia com minhas maos tremulas, assim que eu puder nadar em seus olhos enquanto o ouco falar, quando eu puder olhar furtivamente me aproveitando de sua distracao e me perder em embriagues contando suas pintinhas, essa tragedia se convertera em algo normal, ou pelo menos em algo menos perturbador...
Talvez um dia tenha sido suficiente para eu me curar de mim mesma, talvez minhas ultimas reflexoes tenham sido apenas um placebo para me enganar temporariamente, talvez isso seja de fato o que eu tentei dizer dito o tempo todo mas se perdeu enquanto eu tentava florear as palavras, mas me sinto pronta para admitir a minha culpa nisso, talvez pq a dor escrucitante que senti ao ver vc se culpar tenha sido algo alem dos meus limites.E admitir essa dor alivia as tensoes um pouco, a causa da dor nao se encontra no que eu sinto, muito menos em nada que tenha sido dito e feito, o que doem nao sao as suas palavras doces, o que doi nao eh sua compania agradavel, nao eh a amizade incrivel demonstrada e que eu falhei pateticamente em retribuir, nao me machucou o abraco apertado, nao me feriu o ritmo que seu coracao batia nem me magoaram os sorrisos, o dano que causa é a distancia e a ausencia, e me alegra saber que isso eh algo que vai acabar.
Nada demais, nada de menos, finalmente territorio neutro nessa biboca...

domingo, 13 de abril de 2008

Em terceira pessoa...

A chuva cai no telhado intermitentemente, gotas se atiram suicidas cedendo ao meu desespero...
Meus saltos ecoam pelos comodos vazios, as solas dos meus sapatos se irrompendo em buracos pelo meu desgaste...
Lagrimas gotejam no caderno, esfaqueiam impetuosamente meu texto, se corrompendo pelo meu odio...
O tabaco do cigarro estala, se consumindo pela chama ardente do meu desejo...
A caneta arranha o papel, gritando a plenos pulmoes a minha dor...
O vidro tilinta ao tocar o chao, estremecendo na minha fragilidade...
A madeira range, se contorcendo na minha agonia..
E e observo, voce sofrendo a minha culpa...

I want you to know that I care...


"Let me apologize to begin with
Let me apologize for what I'm about to say
But trying to be genuine
Was harder than it seemed
And somehow I got caught up in between
Let me apologize to begin with
Let me apologize for what I'm about to say
But trying to be someone else
Was harder than it seemed
And somehow I got caught up in between
Between my pride and my promise
Between my lies and how the truth gets in the way
The things I want to say to you
Get lost before they come
The only thing that's worse than one is none"

Eu bem que tentei avisar, pq n fugiu a tempo? Pq nao fugiu a tempo de minha paranoia e minha neurose? Pq nao fugiu a tempo de minha obcessao? Agora vc esta preso nos meus pensamentos e eu nao consigo tirar vc de lá, e te marco a ferro e a fogo em minha pele, que arde pela sua ausencia enquanto me atiro no chao da cozinha, me desvaio em lagrimas e me embriago com uma garrafa de alguma bebida barata q esteja por perto, mas a entorpecencia ao inves de afastar todos meus devaneios fazem com que eles me assombrem com mais eficiencia, meus fantasmas me perseguem nao importando onde eu esteja se materializam em minha frente, eu quase posso toca-los, sinto sua respiracao fria e morbida no meu pescoco, e impetuosamente eles me atam os punhos e me arrastam novamente para o fundo do poco.
Mew, o q a gnt tah fazendo nora? vc disse naquela primeira noite, e eu ri, e agora percebo o quao tola, ingenua, estupida e imatura, sinto muito por nao saber que vc nada mais fazia alem de prever a tempestade que estava por vir. Tudo estava tao bem ateh akele momento, nao me lembro exatamente, todo meu sistema de sem ligacoes afetivas funcionava perfeitamente ateh que me peguei pensando, ressucitando lembrancas e remoendo-as dolorosamente a cada segundo.
Sinto muito por nao ter antecipado isso, infelizente nao tenho sempre a maturidade precoce esperada de mim, infelizmente, tragicamente nao posso ser quem vc é. Me perode se isso tah tudo errado, mas eu nao me importo, vc sabe q eu faria tudo pra q n fosse assim, se quisesse poderia me ver me arrastando no chao ou implorando que provavelmente eu o faria contentemente, porque vc vale cada particula do meu orgulho ferido, se eu ao menos soubesse que isso seria o suficiente... Sei que nao posso exigir mais nada, peco seu perdao por todas as minhas interpretacoes erroneas ao seu respeito, e sinto ainda mais se eu n me fiz entender da maneira adequada, jamais quereria que vc se prendesse a mim, a culpa que isso acarretaria seria maior que a satisfacao, e as coisas mais belas soh sao belas qdo livres.. entao creio que seja melhor a minha ausencia, para o seu bem, por que o meu jah nao mais me importa e preciso de vc tao fervorosamente... meu sim meu nao, meu norte, meu amigo meu amante, minha discussao filosofica meu flerte barato, minha sobriedade e minha loucura... me preocupo com vc demais para lhe condenar à mim, prometo me afastar e por mais q doa, apesar dos olhos inchados e vermelhos, solucos e dor, apesar de me custar os sorrisos e o prazer... entretanto o seu bem vale qualquer esforco.
Se vc voltar espero estar curada de mim mesma e ter juntado meus cacos, se nao eh porque nunca o tive, e se mesmo assim estiver feliz, por traz de toda dor ainda sentirei a estranha satisfacao de dever cumprido.E sinto muito por tamanhas sandices em um soh texto muito mal escrito, talvez eu me arrependa e isso nao seja o que pensarei daqui a alguns segundos, talvez seja a melhor decisao que tomei, talvez seja apenas a abstinencia q evanesca toda sanidade de mim...
Insano demais, intenso demais, doloroso demais pra minha compreensao...

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Then again, then again, then again...


"All I want from you is your hurting

I want to heal you

I want to save you from the dark

Give unto me your troubles

I'll endure your suffering

Place onto me your burden

I'll drink your deadly poison"

Oh melancolia viciante! Drama, lagrimas e solucos me caem bem, talvez usar a expressao masoquismo sentimental nao seja tao exagerado assim. Nao há o q escrever sobre uma felicidade sem motivos, essa paz interior eh perturbadora e me deixa inquieta, simplesmente o equilibrio eh o q eh por si soh, nao consigo entender o que existe sem motivos, a frutracao de nao conseguir escrever nada nos ultimos dias, de nao aprofundar reflexao alguma me dava acessos de odio, pensava imersa em mim mesma que talvez a felicidade nao combinasse comigo.
Talvez algumas musicas tristes ajudem a inspiracao, ande por horas sozinhas e inveje o sorriso das criancas que passam, se nao funcionar olhe para o ceu nublado, vá a janela durante a madrugada e embebede-se no brilho melancolico das estrelas, sinta o frio queimando sua pele, agora acenda um cigarro e fume lentamente, lembre-se de tudo que lhe esta distante ou eh inalcansável, pense, pense fervorosamente no que poderia ter dito, leia as antigas paginas do seu diario em algum lugas cuja paisagem seja o mais monocromatica possivel, ressucite antigas magoas,observe as palidas flores de cerejeira no caminho esperando que isso traga velhos traumas a tona,imagine despedidas arrasadoras e traicoes devastadoras, sim sim agora sim volte para dentro, desligue o aquecedor e abra as janelas, deixe o frio congelante entrar, deixe-o abracá-la, lembre-se mais um pouco até doer, embriage-se em nostalgia, agora pegue esse caderno e escreva alguma coisa triste, triste e melancolico, pq se nao ha depressao nao ha producao...
Oh sim melancolia invada-me violentamente, aperte minhas costelas, me traga a agonia intensa de sempre, faca minha pele se arrepiar e meus olhos se enxerem de lagrimas,deixe-os vermelhos e inchados, estupre meu sorriso afetado e arrebente essa postura ereta, oh como doi, traga-me sua dor poética de volta, sim sim deixe minhas maos tremulas para que eu possa preencher linhas com palavras inuteis e manchá-las com meu choro, faca meus solucos de dor ecoarem pelo quarto e soarem dolorosamente nos meus ouvidos, me faca sentir sufocada, faca essas paredes se fecharem sobre mim e esvaia o ar de meus pulmoes, me jogue no chao, me de um soco no estomago e me paralize durante horas devido aos solucos, abra minhas veias me desfaca em sangue e lagrimas, me arranhe e me enxa de cicatrizes, me desmonte me desconstrua, me faca uma alegoria da sua decadencia...
Agora sim deixe-me abrir esse caderno novamente, vamos lah pegue a caneta...
Equilibrado demais, afetado demais, sorridente demais pra mim...