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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

carne fria digita digita digita

sinta a frieza da escrita computadorizada
cadê o calor do papel, da caneta?

ahhhhhhh poetisa? poeta?
de meia tigela

finge que escreve, finge que compõe...
malemal compõe a própria vida.
fica aí se enrolando em um discurso gasto...
blablabla sou melhor que você blablabla
sempre se vangloriando...

váááá pro senado aprovar alguma lei que diga que tenho que obedecer aos teus comandos...
tenho cara de ser do exército? não vou volver à direita só porque você berra e cospe em mim.

perdigotos. perdidos mesmo. como tudo que remete à você.
idéias desordenadas.

por que se pusera a escrever?
toma teu rumo, e vá para a cama...

pois é criança, já passou das dez.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

eu quis que o personagem sumisse.
- venham cenários! venham cenários!
cenários vieram então. inúmeros. muitos. tantos.
cenário atrás de cenário. cenário e mais cenário.
bastidor atrás de bastidor? e agora?

sua mão direita toca minha esquerda. seu corpo é o oceano.
oceano sereno, oceano revolto, oceano solto, oceano sem fim.
de ondas traiçoeiras, de belas criaturas, misteriosas conjulturas.

"quando eu virei alma sem lugar
foi do seu corpo e não do meu
que eu mais senti falta.
eu pensei que eu era você,
de tanta ausência sua.

e então me olhava no espelho
e só via a melancolia.
as pernas da melancolia,
braços, mãos, peitos,
a bunda da melancolia.

só não via o rosto.
a melancolia não tem rosto".

AUTOR?

se você vai ler pela primeira vez, eu o invejo. não é todos os dias que temos essa revelação, logo no primeiro encontro com tais versos. e digo-lhe mais: você vai encontra-lo em um de seus melhores momentos.
os elefantes são por definição mitológicos, não tivessem eles carregado o mundo no dorso durante tanto tempo. o autor é também um mito. não ficaria nada admirado se, depois de ler o livro, você me viesse com uma pequena decepção.
pode acontecer que você já tenha ouvido elogios a respeito do autor e queria saber qual que é. em primeiro lugar, não empregamos uma linguagem bárbara. em segundo, o autor é um dos melhores vivos do brasil, quem sabe do mundo. e por que ele é menos conhecido? por ser misterioso. ninguém sabe onde mora, ninguém o vê. sabemos que existe pois publicou algumas coisas e - eis o thebest - de tempos em tempos aguns privilegiados recebem folhetos seus pelo correio. quando isso acontece os privilegiados vão para um canto e saboreiam as páginas como quem lambe os beiços. depois pelas ruas trocam sinais misteriosos, cochicham, olham para o mundo de cima. se alguém pronunciar vampiro de pasárgada, é ele. especialmente se lhe falar em pasárgada. e se há uma no mapa com esse nome, é outra. pasárgada mesmo está todinha nele. com seus tarados e solteironas, botequins e casos escuros. alguns pasargadenses ficam orgulhosos quando lhes dizem que moram na capital do mundo. mas isso é um código que eles não entendem. na verdade, eles nem moram na pasárgada.
não se preocupe com as histórias. se elas não terminarem é porque os personagens regressaram à sua vida normal ou o autor não quis acompanhá-lo mais. todos vivos, a distância entre as páginas e a realidade é menor do que entre uma rua e outra. (cuidado com os alfinetes. eles podem espetar quando você menos espera. não dê dinheiro ao velho). o segredo da grandeza de um autor é esse: trazer o mundo para dentro, sem distorções, sem desidratar a realidade. viver já é em si uma coisa espantosa. manter-se é como empalhar o pássaro sem que ele deixe de cantar. que faz? não empalha.
nas estórias não encontrou grandes tragédias ou sujeitos exepcionais. quem sabe seja um mundo tão real que não seja captado para nós de hoje: sua obra é todo um ato de sobrevivência (uau auau miau!). sobrevivendo num tipo de linguagem, num tipo de vida, num tipo de morte. teria escolhido uma estrada simples? dos que têm algo a dizer?
elefantes morrem na solidão. e além de tromba e marfim, tem dias de circo e furor. no mais, são mediocres e pacíficos. não diferem muito de nós. para o autor, homens vivem florestazinha particular, um assombro. homens-animais que precisam de ternura, tortura, sonho, frustações e chocolate.

adaptação da orelha do livro "cemitério de elefantes" do Dalton Trevisan.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

OUVIDO DE ALUGUEL

pudera mesmo as passagens se sobressaissem ao anseio de pregar-se à cadeira e se lamentar, mas aos curiosos nada resta mesmo além da sala escura e do vazio na multidão. pudera os desejos sinceros e travestidos pudessem vir à tona delicadamente, mas eles vêm de sorrateira à espera do perdão. a associação não passou de um pesadelo que, entorpecida, tornou a tomar. porque não desiste e pensa que resiste, mas que na verdade tosse e exala felizmente algum cantinho qualquermente encantado. e mesmo que nu, ainda resta o que pensou ser encantos e o palavreado sincero de um admiravel mundo novo. ou o rostinho infeliz de alguma mágoa sutil e dócil. a pratica é assustadora e a ousadia também. otário o que fechou os olhos na primeira vez em que viu. ou deixou-se abalar pela linha tênue entre a ironia e o desejo. a mão que te estende são essas, palavras. livres, confusas. e tristes.
a verdade inimiga do conforto soube-se de primeira até que a serpente mostrou-lhe o caminho da maçã. confunda-me deus, pelos tremores conceituais que tornei a chorar. se só aqui que posso contar aqui resta. na espera de algum ouvido amigo. mas quando aparece, estremece. ou deixa-se levar. afoga-se, mergulha. entra para a verdade da mentira. ou pela porta dos fundos. ou pela caixa do correio. ou pela cara que lhe esbofeteia e coloca-te na realidade de que o que buscou foi ilusório. ou transitório. os otimistas ficam com o ultimo. e quando não se resta mais saída, a gente se conforma. ou reconhece que o jeito é tolerar, virtuosos os impotentes. tão imperiosas as vontades que nao pode-se satisfaze-las sozinho? hora essas que passam tao rapidamente que nem sente o que outrora julgou fazer-se então poderosa. e de peça em peça suou até escaldar-se de tão exausto, deitando em cima da montanha esclarecido então de que finalmente falava sozinho.

Gente

Ainda que me tomem as conjecturas frenéticas sobre todos os diálogos inconclusivos travados trovados trovejados tempestuosamente durante os últimos dias sofro do [in]cômodo bem estar apático e certo de todas as pontuações vírgulas advérbios e regras gramaticais irrefutáveis e coesos. Tudo com muito sentido muita direção e intensidades calculadas e resultantes, os vetores que vão pra PUTA que os paril! Pega tuas setas teus talheres tua castidade tuas etiquetas tua repugnancia por tudo que é deliciosamente falho e humano.. e enfia no cu.
Ai o magnânimo e infalível poder libertador dos impropérios, quem você pensa que é com tua moral perene de todas as igrejas e conventos e mantos de santos e coroas de espinhos celibatárias e inquisitoriais?
Te prostitui, vende e renega teu âmago por mais um convite e mais um depoimento orkut. Não fala alto não come não fode não bebe não te excede e não seja sempre esteja, te monta boneca de luxo! Com aquele vestidinho da coleção outono inverno 2009 e compareça alegremente nos eventos desse teu high society claustrofóbico com toda integridade modelo plástica.
Faz-me rir com tua aversão implantada a tudo que tornar-te-ia humana, "aaaaaaaai eu não sou rancorosa!" Sempre foooi meu bem! Com toda gula e preguiça e vaidade e luxúria e ira e cobiça e avareza que deveriam te correr nas veias, o que [es]corre por ti agora é tua própria vida que deixaste nas esquinas pisoteadas por teus sapatos, que passa dia após dia enquanto és arrastada por tua coleira de brilhantes de um lugar pra outro, sempre sorrindo... não excessivamente pra não enrugar o teu rostinho catatônico inexpressivo e anêmico de toda anorexia sentimental que te corrói enquanto tu treina teus melhores ângulos no espelho.
Fartei-me! De todos sorrisinhos amarelados e batom rosa claro, me enjoa esse doce de todos os sapatinhos baixos e peles de marfim e pêssego, de todas as roupinhas amarelinho pediátrico e rosa bebê e azul calcinha...
Vou sair fornicando promiscuosamente com todos meus conflitos monocromáticos barrocos em público atentando violentamente ao teu pudor e tua estética metálica e estática e rendada com todo o fluxo hormonal, terminação nervosa, pele, paradoxo, sangue, erro, suor, dor, secreções e hidrocarbonetos cabíveis às infinitas possibilidades orgânicas de ser substantivo, não estar nesses teus verbos transitivos de ídolos deificados, só ser.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

por hora pensei que
isso aqui fosse
sumir
subir
que isso aqui
deixasse de fazer

que a então dança
das palavras
não
são
então
patéticas
frenéticas
estéticas
estáticas