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quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Pessoa


“... Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado...

...Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Fernando Pessoa --- Poema em linha reta



Eu nasci pessoa
Nasci de gozo
Nasci bicho até os primeiros passos, dores, falas, cantos
Nasci da subjetividade, de tombos, barrancos, vertigens e uivos

Fui esculpida pelo tempo, pelas minhas impressões
Me acomodei a linguagem, as roupas, as ruas
Mas já conheço os símbolos, as representações

Não sou a Puta
Não sou a Louca
Não sou a Lésbica
Não sou a Dona de Casa
Não sou a Menina

Não nasci Clichê
Não nasci Estigma
Não nasci Tipo
Nasci pessoa

Pessoa de experimento e limite
Do sentido que criei, de ruptura
dos rótulos, dos mecanismos
Do conhecimento da lógica
Da falência dos discursos

Nasci do encanto da amizade e amor
Que encobrem a brutalidade e joguetes

Eu não sou o tipo dos livros,
Dos contos de fadas, dos arquétipos, das fábulas, das piadas
E outros calculáveis

Nasci com o dedo apontado na cara,
Até a primeira mordida.
Da expressão quente no rosto
E liberdade e vontade de Ser
Conforme se pensa e repensa

Entre o erro e acerto
É uma construção
Uma pessoa

3 pareceres:

Unknown disse...

legal os textos; nem conhecida esse do Pessoa. xD

Pétilin disse...

eu amei o seu post! nem sei o que falar. me faltam palavras pra descrever o quão admirada eu estou!

beijos!

Nora disse...

houve um tempo em q buscava ser especial, quis pertencer ao seleto grupo de memoráveis, procurei e observei o grupo daqueles que falavam muito, riam muito, tinham muitos amigos e agendas lotadas,não me conteve
Procurei um espaço que me contivesse entre tantos admiráveis: os talentosos, os extremamente bonitos, os descolados, os alternativos, os absurdamente inteligentes, os mais desejados, os mais determinados, os mais gostosos, os mais ricos, os mais organizados, os mais famosos nenhum deles me conteve...
Indaguei onde estariam aqueles que eram só pessoas, com todas as inseguranças, limitações e capacidades e consciencia de seu lugar no mundo
Onde estariam os pobres mortais de carbono de hidrogênio como eu, onde estaria essa escória que não havia sido coroada com os louros da singularidade...
Axei alguns poucos, alguns pontos dispersos no meio dessas manadas de gente pseudo-única, peças ímpares que não se encaixavam em nenhum dos círculos sociais, não os pude comparar com personagens, tipos ou clichês, e vi o quão eram especiais



N chega nem aos pés do que me causou o seu texto karol!
Um dos seus textos mais admiráveis!
=***