Se você me convidar, eu prometo que vou. Eu vou sentar com você, falarei qualquer bobagem pra te distrair. Antes que você perceba, eu te pego num salto, numa vírgula. E assim, eu vou bebendo das suas loucuras engasgadas. Vendo se desfazer em discursos analíticos e olhares furtivos. Vou corroendo suas verdades, expondo a sua nudez. Invado o que omite, te vejo contorcer, adequar-se. Num piscar eu arranco a sua máscara, toma mais um gole, e você está ofegante. Quer fluir, chorar, tomar-me. Quer falar como uma criança, nunca esteve tão só. Estigmatizou sensações, racionalizando. As impressões te machucaram, o amor secou. Descobriu que tende ao tédio dos previsíveis. Fechou as janelas, calou-se. Achou seus delírios num corpo, escondeu-se. Encarcerou-se em escombros, palavras metódicas, embalagens, tradições? Um Eu “nasceu”, gozou. Teve uma breve visão liberdade, tomada numa aventura. Fui eu que te roubei a solidão. Nunca bebeu deste prazer, nunca provou da metonímia. Fartou-se! Se me infiltro no teu eu-avesso é porque me enlouquece. Amanheceu e não estava lá.
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Entre escombros
Escrito por Anônimo às 18:16
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