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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Beware! Criminal!

Poder. O mundo tem se organizado em torno de focos de poder, no auge da influência hobbesiana e na observação dos últimos tempos tenho acreditado com uma fé quase religiosa no contrato social utilitarista. E, na definição de pós modernidade como velocidade, imediatismo, publicidade, consumo exacerbado e meios de comunicação de massa, quanto mais, melhor, o que temos é um retorno da vintage e descolada lei da selva, e agora, é comer ou ser comido.
E a internet? O ÁPICE de todas as concepções modernas, pode-se realizar trocas de informações, transações bancárias, comunicação entre seus entes queridos, “MSN LIVE MESSENGER!” “ Converse ao vivo pela webcam!”, “Ache seu par perfeito num click ”, “Hello, I’m Samantha, 22 years old, looking for a boyfriend!” O mundo é aqui, é agora, é em toda parte, e orkut, e internet e telefone e televisão foram desviados do seu propósito há muito tempo. Será que a função social dada de início para convencer as pobres donas de casa com seus vestidos floridos a comprar o consórcio do primeiro telefone sequer existiu? Propaganda, marketing e photoshop! E o que temos são essas multidões de solitários que choram de emoção ao receber uma propaganda mala direta com seu próprio nome, e MEU DEUS! No dia do seu aniversário! Desnecessário mencionar que o remetente pertence a companhia de seguros do carro.
Orkut, por mais que esteja ultrapassado, porque agora o hype é ter twitter, no seu surgimento foi o meio de comunicação melhor mascarado de bom moço, veja bem, havia a necessidade de CONVITE para entrar nessa rede, algo que obter rapidamente com grande número de contatos em seu profile era um indicador social mais confiável do que os do IBGE para avaliar o seu coeficiente pop.
Então todos os meios para unificar os usuários do planeta nessa grande família incestuosa não podem mais ser chamados de rede, creio eu, são uma cadeia, cadeia sim, cada um em sua solitária com seu computador/celular/telefone/pager/blackberry/i-phone/diabo-a-quatro devidamente conectados às suas redes wireless, e nessas cadeias substituem-se os almoços de domingo pelo delivery, o cinema de final de tarde é youtube, jornal é blog, declaração de amor é testimonial, convicção filosófica é community, compras é amazon.com, conversa entre amigos é chat, e mandar notícias, só via scrap, sms já não é mais tão hype assim.
E a vibe super in se expande, cresce, infla e transborda até que todos esse meios de isolamento/conexão se reproduzam como hamsters desenfreados atingindo até os meios mais improváveis, afinal, se é possível cometer ilicitudes on-line porque se dar ao trabalho de manter o charme dos gangsters dos anos 50 ou dos cowboys fora-da-lei dos antigos westerns?
A indumentária, os trejeitos, o sotaque e todas as particularidades do banditismo são facilmente simulados, bastam algumas fotos (google it!), um profile bem escrito (Ou não! E muitas vezes não mesmo.) e pronto! Todas as idéias mais estaparfúrdias, propostas mais indecentes, vícios mais vis, fetiches mais repugnantes e crimes violentos estão devidamente protegidos pelos privacity terms, yes, I accept e tudo está devidamente legitimado. Todos os lobos com profile de cordeiro imunes ao risco do flagrante, incitados pelo fácil acesso a esses meios de comunicação e protegidos pela idolatria ao lucro das multinacionais e seus advertisements by google.
Ainda, por mais que seja incisiva a prática do Ministério Público, e do Sistema Judiciário no combate a falsidade ideológica, homofobia, racismo, pedofilia, propaganda eleitoral indevida, e todas as CPI’s e Ações Civis Públicas e condenações, como combater juridicamente uma crise ética e moral?
Bom senso talvez, bom senso em valorar corretamente as prioridades, quebra de contrato de sigilo com um pedófilo ou conivência com sua prática? Seria preciso curso superior ou estudo aprofundado dos princípios gerais do Direito para responder tal indagação? Se, não obstante as convicções impulsionadas pela ética, que bastem aí, as determinações legais quanto a prestação de um serviço, em que a qualidade do serviço em questão é diretamente proporcional a adequação do serviço prestado quanto ao serviço vendido e proposto.
Houve um tempo em que pessoas possuíam e-mails, profiles, facebooks, e agora tudo que resta é personagem, num mundo onde se come, bebe, dorme, fala, fornica, comunica, trabalha, mata, compra, vende, troca, viaja, cresce, cria a prole, e vive e reproduz e morre em frente a uma tela, seja esta de computador, televisão, celular, palm top ou maldito I-phone, um mundo onde as crianças assistem em média a 6horas de televisão (rede globo ou youtube) por dia, e pensam que vida é The Sims, e vão engolir, digerir e regurgitar toda aquela informação enfiada goela abaixo e crescerão incapazes de encarar olho-a-olho alguém que não seja o apresentador do telejornal.
Tenho uma perspectiva de um mundo solitário, onde todos usarão óculos escuros (não esqueçam, a vibe agora é ser vintage), para não encarar o próximo, e janelas de carros com insul film muito bem fechadas com seu ar condicionado, e os ear-phones vão impedir que se ouçam os gritos dos desesperados, e a grande profecia será a cotação da Nasdaq transmitida ao vivo, ao morto, tudo uma questão de ponto de vista.
E como tempo ainda será dinheiro, nesse tempo quem puder pagar mais por mais um minuto de exibição em horário nobre, poderá alimentar mais e mais essas mentes juvenis, e o próximo tirano será o dono de uma grande rede de comunicação, e todos os cãezinhos adestrados o seguirão fielmente em seus planos e ideologias, Oh! Tenho eu uma leve sensação de dèja vu?
E se todas as relações serão passíveis de ser contidas num database, é compreensível que até as mais patológicas sócio ou psicopatias tenham suas práticas por esses meios, seremos profissionais num mundo em que seremos indispensáveis, onde ninguém falará sem um representante legal nas massas conurbadas de ternos pretos das metrópoles para onde todos vão morrer para ganhar a vida.
E no judiciário, que ainda guarda na lembrança etimológica da palavra a idolatrada Justiça, o positivismo ressurgirá. E nesse sistema, brigas de casal, desentendimento entre colegas de trabalho, divergências ideológicas, e quem sabe até uma trombada que você deu sem querer naquela velhinha na fila do supermercado será resolvido no âmbito legal.
E os homens serão incapazes de conversar, e o advento da era da comunicação será uma era de surdos, mudos e cegos.
Porque agora até a falta de ética.com tem versão brasileira: Hebert Richards!

1 pareceres:

Pétilin disse...

Demorei, mas li. De forma tensa, mas li.
Me nego, me escondo e sempre que vejo me revolto.
Me revolto mais ainda comigo quando deixo passar a revolta.

Mas quem é Pétilin num mundo tão egocêntrico? Sou mais uma egocêntrica que quer um óculos escuro, um carro filmado. E nas ressalvas quero uma cerveja, uma discussão mais filosófica.

Mas quem é Pétilin no mundo?
Mais que isso não sou. Menos que isso com certeza.
Sou da massa que sofre do massacre involuntário. Que é burguês e critica a burguesia. Que é hipócrita e escreve sobre hipocrisia.

Um passo eu dou ao assumir.
Mas quem é Pétilin?