Sou nada? Sou projeto, traço e cor da tua idéia? E se tua idéia é tua mente Vazia? Sou entao tudo? Plena onde o todo é vácuo! E qual é o todo? Cheio de todo vazio? É nada? Se nada é o todo Então sou todo Ainda que esse todo seja inócuo . Não sou personagem Nao sou tipo Não posso ser coisa Nem rascunho Ou protótipo . Incorpórea, impalpável? E se há, ainda, um ser que não o seja Me diga quem Ainda existe sem que haja quem o veja! . Todas facetas de ser Só o são com devido destinatário Eu acadêmico é graduação Eu empregado é salário Eu profissional é portfólio Patrão é pagamento Funcionário/produção Defunto é espólio Homem, mulher, negro, branco e tudo é estatística . Gente, só existe a partir de uma interpretação finalística E ainda que não haja razão para teleologia Se fazem existir, esses alter-egos Contróem a desejada personalidade Fotos textos música câmera luz ação! Dessa virtual orgia E seu real eu existe na verdade? Quem dirá que não? . TU! Egrégio julgador do certo! Diz que todo meu eu não há! Que me criou e pode me limitar Sou um aborto da tua esquisofrenia? Nasci fruto da tua entorpecência E agora morro, vítima da tua letargia? . Mas... se me diz, a mim se dirige Então existo pra satisfazer teu desejo De dar o veredicto pelo menos em um aspecto Da tua vida insípida que pensa que o roteiro redige E eu nada mais sou do que um prospecto A caricatura do ensejo De procrastinar a abalroada da realidade em seu mais vil aspecto . E se ainda reiterar toda argumentação Aduzindo minha inexistência Me rasgo e te exponho as entranhas, sangue pulsa derrama e tinge O cenário digno de uma produção tarantinesca . Caso insista na absurda alegação De que a ausência de corpo me restrige E nem mesmo minha ferida fatal te convença De que há minha real concepção e consciência . Te envolvo nos braços gelados e rígidos e afogo tuas interrogações em coágulos E te enojas Regurgitas E sabes que sou teu tumor psicológico Palpável em cada um de teus nódulos E antes que minha ausência te aflijas . Fica o a ferida purulenta dor e cheiro... Sente o cheiro? É da tua consciência podre Porque me contém E se cheira e se contamina com a putrefação de todos os fungos e pústulas Se adoece e se cai Existe E se me contém então Existo . E se tentas me convencer que não Te nego E tenho negado Mas não é por negar-te que tenha te desprezado Pois quanto mais renego Te vejo a tentar me convencer mais empenhado E tem teu pensamento me nutrido E teus nãos me construído . Sou tua sombra arquetípica Teu não dever ser Dessa tua alma paralítica Toda teoria e imaginação Que pensas que te dá poder Para fazer a dicotomia Entre o que há ou não De acordo com tua ética irrisória . Sou tua crítica e teu sermão Sobre os erros de todos os tempos Sou tua anti-heroína Tua alegoria do proibido sempre à mão Para ilustrar tua hipocrisia De como todos estão errados ao buscar a perfeição . E sob a égide de tuas morais e lamentos Esconde teu ego megalomaníaco Que pensa que ao apontar tantos outros tormentos Dessa geração socialmente hipocondríaca Disfarça tua própria auto-afirmação . Sou quem te refresca a memória No meio da rotininha patética Te todas as tintas, imagens, photoshop e glória De todas tuas criações apáticas . Como todos outros tantos, Todo carne sangue e suor, Buscas a perfeição inatingível E a mim, sombra que sou, Cabe sempre o pior. . Ainda que não vá te reduzir a prantos Hei de te proclamar a sentença temível Sendo eu nada mais do inferno que aponta Em todos que buscam amor nesse mundo terrível Sou nada menos que teu avesso O bastidor de cada fim e cada começo . E sendo tudo que teme Tornar-se o desprezo que projetaste Digo, és tu como eu, insisto, Eu existo, E tu, és isto?
quinta-feira, 13 de maio de 2010
Existo! És isto?
Escrito por Nora às 21:04 0 pareceres
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